Nesta elegia a Boa Viagem, onde evoca o Deus Tempo em cada frase,
Antônio Carlos Cavalcanti de Araújo, o meu amigo Tonhão, conseguiu fazer alguns
milagres.
Percorrendo essas páginas, o leitor que teve a sorte de viver
acontecimentos aqui narrados poderá se deparar com grandes surpresas e reviver
sentimentos, que pareciam esmaecidos, com uma impressionante nitidez de
detalhes.
Comigo,
aconteceu. De repente, eu me vi num domingo à tarde, na Avenida Boa Viagem, com
minha calça cor de rosa, minha blusa de lastex e meus sapatos “cavalo de aço”,
paquerando alguns nomes citados no livro, ansiando pela passagem de um certo
carro verde, ou confessando às amigas que daquela vez eu iria morrer de amor e
não havia escapatória. Daqui a pouco lá estava eu passeando na Conselheiro
Aguiar, em direção a “Karblen”, quando na altura da “Cogranja” ouvi pela
primeira vez a canção “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, de Roberto
Carlos. Em seguida eu já estava entrando na boate Cave com o coração aberto
para o inesperado, e depois estendia uma canga na areia da praia, em frente ao
Cote D’Azur, e então já estava dançando “Alone again” numa festa na “Casa Navio”,
e daí me peguei vestida de preto no “Enterro do Carnaval do Recife”, e quando
me dei conta estava em todos esses lugares ao mesmo tempo. Ou eram todos esses
lugares que estavam em mim. Aliás, sempre estiveram. Eu é que não percebia o
tanto de mim que ainda mora em Boa Viagem.
Agora sim, está tudo devidamente
escrito, registrado e eternizado.
Obrigada, Tonhão, por nos
mostrar que para sempre teremos 15 anos, não importa quando e nem onde, e
portanto podemos transformar o mundo. Tempo, tempo, tempo, tempo.
Adriana
Falcão
Sucesso
ResponderExcluire esse site esta lindo
bjo
Silvana