domingo, 29 de julho de 2012

APRESENTAÇÃO




Nesta elegia a Boa Viagem, onde evoca o Deus Tempo em cada frase, Antônio Carlos Cavalcanti de Araújo, o meu amigo Tonhão, conseguiu fazer alguns milagres.
Percorrendo essas páginas, o leitor que teve a sorte de viver acontecimentos aqui narrados poderá se deparar com grandes surpresas e reviver sentimentos, que pareciam esmaecidos, com uma impressionante nitidez de detalhes.
Comigo, aconteceu. De repente, eu me vi num domingo à tarde, na Avenida Boa Viagem, com minha calça cor de rosa, minha blusa de lastex e meus sapatos “cavalo de aço”, paquerando alguns nomes citados no livro, ansiando pela passagem de um certo carro verde, ou confessando às amigas que daquela vez eu iria morrer de amor e não havia escapatória. Daqui a pouco lá estava eu passeando na Conselheiro Aguiar, em direção a “Karblen”, quando na altura da “Cogranja” ouvi pela primeira vez a canção “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, de Roberto Carlos. Em seguida eu já estava entrando na boate Cave com o coração aberto para o inesperado, e depois estendia uma canga na areia da praia, em frente ao Cote D’Azur, e então já estava dançando “Alone again” numa festa na “Casa Navio”, e daí me peguei vestida de preto no “Enterro do Carnaval do Recife”, e quando me dei conta estava em todos esses lugares ao mesmo tempo. Ou eram todos esses lugares que estavam em mim. Aliás, sempre estiveram. Eu é que não percebia o tanto de mim que ainda mora em Boa Viagem.
                Agora sim, está tudo devidamente escrito, registrado e eternizado.
                Obrigada, Tonhão, por nos mostrar que para sempre teremos 15 anos, não importa quando e nem onde, e portanto podemos transformar o mundo. Tempo, tempo, tempo, tempo.

Adriana Falcão

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