domingo, 20 de junho de 2010

Capitulo 3


O INSTITUTO SANTA MARIA (EDUCANDÁRIO)



E
m 1956 foi inaugurado o Instituto Santa Maria que faz parte da memória de todos os que por lá passaram. O ISM sempre pautou a sua educação com a formação pessoal e religiosa do seu corpo discente com professoras de caráter e personalidade, entre as quais lembramo-nos de Dona Cléris Farias de Paula, Joselita Barbosa Tavares, Sarita Beltrão e Mércia Ferreira de Albuquerque, esta última veio a ser uma das melhores advogadas criminalistas do nosso estado.
Sentimo-nos orgulhosos de termos sido alunos do Instituto Santa Maria que ocupava uma casa pertencente à família de Leonardo Monte, onde hoje se encontra o Recife Monte Hotel, ex-hotel Miramar. Dessa época nos lembramos dos irmãos Roberto e Judite Kelner (estes foram os primeiros alunos a serem matriculados na escola); dos irmãos Sandra, Wilson e Sérgio Albino Pimentel; dos irmãos Laís, Liane e Antônio Lumack Monte; dos irmãos Aristides e Rosamélia Demerí Carneiro; dos irmãos Lídia, Kátia, Gustavo e Luis Augusto Pontual; dos irmãos Cláudio, Marcina e Cristina Pena Pereira; de Julieta Meira de Vasconcelos; de Vera Lucia Playsant; dos irmãos Robert e Nica Harley; dos irmãos Carlos Alberto, Marina e Hélio Correia Just; dos irmãos Léo, Luciano e Miriam Monte; dos irmãos Luís, Rosa e Lala Romangueira; dos irmãos Antônio Carlos, Artur e Georgina Carneiro; dos irmãos Heitor e Ana Assunção; de Pietro Carneiro; dos irmãos Luís e João Cardoso Ayres; de Ana Lúcia Bérgamo; de Fátima Bahia; dos irmãos Fernanda e Luiz Augusto Vieira da Cunha; dos irmãos Carlos Alberto, Marina e Helio Correia Just; dos irmãos Silvio, Giselda e Gizanda Aguiar; de Eugenio Perilo; dos irmãos Vicente e Marcos Antonio da Mota Cerqueira; dos irmãos José Carlos, Mozart e Antonio Carlos Escobar; das irmãs gêmeas Amanda e Adalgisa; de Susana Pontual; de Ângela Villachan; dos irmãos Aluízio e Catarina Siqueira; de Ricardo Pinto Lapa.
Sob a direção da idealista Maria das Dores Muniz de Melo, esta instituição fez nome desde a sua fundação, permanecendo até hoje (estabelecida, atualmente, na Rua Padre Bernardino Pessoa) enraizada na nossa sociedade, como o colégio mais tradicional de Boa Viagem, sendo ainda uma das melhores instituições educacionais do Brasil. Atualmente o Colégio Santa Maria ainda mantém em prática o seu ideal de ensino o que o torna uma verdadeira lenda dentro do cenário histórico do nosso bairro.
O hoje colégio e faculdade Santa Maria é um patrimônio cultural da educação brasileira, de onde saíram jovens que vieram a se tornar pessoas importantes dentro do contexto político, social e esportivo do estado de Pernambuco.
Podemos afirmar com plena convicção que o atual Colégio Santa Maria ainda prima pela educação dos jovens, se preocupando com a disciplina dos seus alunos, um dos alicerces que o levou a ser um dos melhores educandários do Brasil. Prova disso, foi a expulsão do colega Roberto Kelner (primeiro aluno a ser matriculado na instituição e também o primeiro a deixá-la), por D. Maria das Dores, diretora.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Capitulo 4



HISTÓRIA DO RIFIFI ESPORTE CLUBE



O
 Rififi nasceu pequeno, em lugar pequeno, e, fundado por pequenos, ou seja, por menores ainda impúberes (menores de 14 anos), em plena efervescência do ano de 1958, com o governo JK, a grande vitória da seleção brasileira na Copa do Mundo de Futebol, a bossa nova que revolucionou a música brasileira e o cinema novo, ainda em sua fase inicial.
Os irmãos Marcos e Marcelo Pimentel da Silveira e os seus primos José Trajano Costa, Mario Cardoso Machado Júnior, Marcelo Wolfmann Machado e Fred Dhália Wolfmann vestiram camisetas e, nos jardins de frente da casa nº6272, hoje o majestoso Edificio Península Ibérica, da Avenida Boa Viagem, ali jogaram as primeiras peladas. Já no ano seguinte, reforçados com outros meninos (Paulo, Carlos e Luiz Alberto Pinto Teixeira, Roberto Riecken, Helio Lisboa, Fernando Carlos Araújo e este escrevinhador), formávamos uma equipe de sete pessoas que passou a jogar num campinho em terreno cedido por comodato, pelo Sr. Ambrósio Trajano Costa, onde se hoje se situa a Galeria Corta Jaca, esquina da Av. Conselheiro Aguiar com a Rua Padre Carapuceiro. Ressalte-se que no segundo ano, a agremiação reforçada pelos novos adeptos divididos em dois grupos para arrecadar dinheiro através do livro de ouro e festas carnavalescas, adquiriu dois jogos de camisas, com listas verticais preto e branca e calções  brancos, começando a sua trajetória vitoriosa por mais de quinze anos.

AS FESTAS DO RIFIFI

As festas pré-carnavalescas eram realizadas em residências dos sócios, ou de amigas da turma do Rififi, que se localizavam nas adjacências do Posto 04, hoje Posto 10, entre a Rua Ribeiro de Brito e a Félix de Brito Melo. Denominados de “Posto 4 em Folia” ou “Rififi em Folia” tais eventos eram animados por Escolas de Samba e Orquestras de Frevo. As meninas se encarregavam de levar salgados e doces, já as bebidas, ficavam sob a responsabilidade dos rapazes. As casas de Martha e Márcia Machado, Terezinha Lapenda, Maria Clara Almeida e Dr. Silveira, foram palcos de animadas festanças, onde a paquera rolava solta e as decepções também, muitas delas. Dos amores platônicos, tão em voga naqueles idos, vêm-nos à lembrança: Maria Lucia Silveira; Maria Dulce Sampaio; Graça Bompastor; Clara Almeida; Fernanda Vieira da Cunha; Marilda Simão; Ana Julieta Oliveira; Terezinha Lapenda; Brunilde Trajano; Emilia Araújo; as irmãs Ana Maria, Ana Cristina e Ana Lúcia Lira; Martha e Márcia Machado; Anamélia Freitas; Clarissa Daosley; Eliane Ponzoni; Vera Lúcia Playsant; as irmãs Marta, Verônica e Virginia Dhália de Albuquerque; Isabel Maurício; Luiza Lapenda; as irmãs Ângela e Conceição Galvão; Dione Parente; Fátima Carvalho; Ana Maria Freire Albuquerque; as irmãs Luciane, Graziella, Nilde, Jussara e Fátima Oliveira; Stella Maria Cavalcanti; as irmãs Walda e Waldênia Bittencourt; as irmãs Pastich Ana Maria e Maria Alice; Socorrinho Ávila; as irmãs Helena e Valéria Acioly; dentre outras que partiam os corações de muitos garotos da época, deixando-os literalmente “a ver navios”.
Eliane Ponzoni (uma gaúcha que veio em férias para o Recife e se entrosou com a turma do Rififi), inclusive, por sua beleza escultural, inspirou Newton Oliveira - um militar da reserva da Aeronáutica, admirador e torcedor do RIFIFI Esporte Clube, poeta nas horas vagas – a escrever uma poesia (publicada no ZONA SUL – JORNAL E REVISTA) inaugurando a secção literária do dito semanário. O gingado (ou requebrado?) da dita gaúcha, num dos “festivais de batida” que o RIFIFI promoveu em Pau Amarelo, redundou no poema “GAÚCHA-BIRINAITE”:

“GAÚCHA-BIRINAITE” (Por Newton Oliveira)  
De repente o mundo
toma feição de realidade
as forças dos antigos anos
oferecem-se a opção
de rir todos os sonhos
- Pudera! Pudera!

Lá está o velho
(se referindo ao velho Guedes
do fresbee)
brincando com seu coração
E o outro, o outro
sambando com a ilusão...
E uns outros jovens
A enredarem-se bem cedo
Nas estrepadas alegrias!

De jovens pudentes nas suas dores
Sugando “batidas” das frutas
e inebriando-se de doces
Inocências; mui prazerosos?

Mui prazerosas,
Os gingados e as formas
especiosas, de todas as moças de rosa
De maiô cor de rosa

E de algumas,
Sem os rebolativos argumentos
Envoltas ainda na pudicícia
Dos róseos sonhos
Das menininhas da praia
de Boa Viagem...
Pudera, Pudera!


Newton Oliveira é pai de Jussara, Graziela, Nilte, Luciane e Fátima

ATLETAS DO REC

Muitos atletas boa-viagenses se destacaram no Rififi, tendo sido pretendidos, para atuarem em várias agremiações profissionais do Estado. Todavia, por serem estudantes, somente alguns foram jogar, por mero diletantismo, em equipes de profissionais, aspirantes e de juvenis, do América, Náutico, Santa Cruz e do Sport Clube do Recife, tais como, Ricardo Rodovalho de Lira, Nilton Rodovalho,  Marcos Jose Mota Cerqueira (Cerqueira), Antonio Carlos C. de Araújo  (Tonhão), Abdias P. de Souza, Clélio Falcão, Diogelcy Souza (Dió), Bio das Unhas, Abidias, Ajalmar.
Outros jogaram em seleções de futebol de praia, clubes de 2a Divisão e nas seleções de suas faculdades. Dentre eles: Os irmãos Breno, Marcos e Marcelo Pimentel da Silveira; Paulo Roberto e Carlos Alberto Teixeira; Célio Souza Leão; Luiz Augusto Vieira da Cunha; Antonio Carlos Bezerra Barros (Cacalo); os irmãos Jose Dorgival (Vavá), Claudio e Marco Lopes de Carvalho; os irmãos João Gualberto, Roberto, Zé Carlos e Carlinhos Mauricio; Maurício; Waldemar Travassos (Droga); Ricardo Carvalho (Cadinho); Gilvan Noblat (Uvinha); Elcio Wolmer (PA); Marcos Pastich; Frederico Beltrão Pereira (Risonha); Edilson Rodovalho; João Vicente Santos (Ninha); Luiz Carlos Costa Campos (Lula); Severino Carneiro (Bio); Wilkie L. Ramalho; Frederico Santana (Magrão); Flávio Guimarães (Doutor); João Carlos Guimarães (Joca); Luiz Carvalho (Lulinha); Guilherme Costa (Guila); Antonio B. Silva Filho (Mamão); Carlos J. Santos (Cachorrão); Célio e Roberto Souza Leão Barros; Marcilio Leite Souza (Batata); José Carlos Coelho (Caju); os irmãos Geraldo, Walter, Wilson, Carlos e Waldir Calábria; Tito Flávio Bezerra; Eurico Araujo Noblat; Luiz Joaquim Varella de Carvalho (Lulinha); Celso Santana; Wilson Calado Júnior.
O clube teve várias formações excelentes, tanto no seu primeiro quadro, quanto no segundo quadro (aspirantes), pelo que destacamos as seguintes formações:
Equipe principal: Abdias, Geraldo ou Walter ou Joca, Breno, Waldemar, Pastich ou Elcio, Fred Risonha, Marcos Silveira, Bio, Ninha ou Nilton Rodovalho, Nilton Rodovalho ou Luis Carlos ou Luis Augusto, Marcos Cerqueira ou Dió ou Flifa, Ricardo  Rodovalho ou Tonho, Tonho ou Luis Carlos.
Equipe reserva ou o segundo time, era assim formada: Bio Pacarú, Wilkye ou Walter, Zé Trajano ou Wilson ou Mimo, Doutor ou Batata, Marcelo, Lulinha, Cacalo, Robertinho ou João Gualberto ou Uvinha, Edílson, Caquinha, Arnaldo ou Carlinhos, Luis Augusto, Cadinho, Célio, Mamão, Manesinho, Zé Amaro, Betinho. Esse time passou dois anos invicto (sem nenhuma derrota).


COLABORADORES DO RIFIFI

Não poderia deixar de registrar nomes de pessoas que foram grandes benfeitores do Rififi, tais como: Ambrósio Trajano Costa; Jose Dhália da Silveira; Mario Cardoso Machado; Carlos Jose de Barros Araújo; Adelmar da Costa Carvalho; Jorge Dantas Bastos; os irmãos Luciano Costa e Baby Costa. Todavia, se reconhece como o mais notável deles o primeiro, Dr. Ambrósio, que incentivava o desporto praiano, principalmente o voleibol, que ele gostava de praticar com os filhos Nehilde, Enilde, Brunilde e José Trajano.
O Rififi em 1963, já com a formação de duas equipes compostas por onze pessoas, tendo modificado as cores da sua camisa para o azul e branco, no lugar do preto e branco, teve seu campo relocado para o final da Rua Dhália, e, mais uma vez, ocupando um terreno do saudoso Dr. Ambrósio, iniciou uma fase brilhante, quando formou ótimas equipes que atemorizavam os adversários, muitos deles clubes da segunda divisão e das cidades interioranas. Registre-se que, nas suas formações, participavam pessoas de todas as classes sociais todas de boa índole contrastando com o nome dado ao clube (Rififi), música-tema do filme “DU  RIFIFI CHEZ LES HOMMES”, dirigido e estrelado pelo cineasta americano Jules Dassin, que fugiu dos Estados Unidos na época da Caça às Bruxas,  para  à França, e lá rodou um dos maiores clássicos da cinematografia francesa, tornando-se ganhador do prêmio de melhor diretor do Festval de Cannes em 1955. O filme foi baseado no livro homônimo de Auguste de Breton, que trata de um roubo numa joalheria de Paris e cujos personagens do submundo parisiense se digladiam para dividir o produto do crime. O filme foi estrelado por Jean Servais, Marie Saboured, Carl Moher e Robert Manuel, com trilha sonora de Georges Auric. À época, o grande diretor francês François Truffaut definiu-o, assim: “O melhor Film Noir que eu assisti”.
O Rififi, garantiu para todos nós, momentos de lazer com a prática desportiva semanal durante todos os anos de sua existência, ao ponto de, quando não existia um jogo por qualquer motivo extraordinário, era razão de uma frustração quase que generalizada.
Além do futebol formou equipes de voleibol que participou do Campeonato Farroupilha, promovido pelo Clube Gaúcho de Pernambuco, nas categorias juvenil e adulto.
Em 1966, na Rua Dhália, num terreno ao lado da casa do Sr. Pastich, sob a liderança do saudoso português Raul Dória, a moçada tinha o seu ponto de encontro às tardes dos sábados, onde se destacavam: Ana Maria; Maria Alice e Marta Pastich; Clara Almeida; Fernanda Vieira da Cunha; Márcia Ferreira Lima; Stela Assunção; Fátima Carvalho; Iolete de Oliveira Barros; João Gualberto; Carlinhos, Roberto e Isabel Maurício; Nelson Rodovalho; Edilson Rodovalho; José Dorgival, Claudio, Fátima e Marco Carvalho; Zé Trajano Costa; Marcos Pimentel da Silveira; Inaldo da Cunha Andrade; Antonio José Ferreira Lima Neto; Franklin e Fred Campos; Inaldo, Paulo Roberto e Virginia da Cunha Andrade; Luis Alberto da Cunha Andrade; Godofredo de Abreu e Lima e sua esposa Dionéa.
A quadra de voleibol, do queridíssimo portuga Raul Dória, era um “point” das tardes dos sábados para se divertir, conhecer, interagir nas paqueras e desejos subliminares. Dali surgiram namoricos que terminaram em casamentos.
Nos meados dos anos da década de 1970, Boa Viagem, já não possuía os seus grandes campos de futebol. O Rififi Esporte Clube resolveu fazer diversos torneios e campeonatos de futebol “society” em terreno reduzido, dando-os nomes de Taça Ambrósio Trajano Costa, Taça Wilson Calábria e Taça Rififi Esporte Clube, com a participação de várias equipes, formadas dentre seus atletas, denominadas de Rififi, Dhália, Fluminense, Trenzinho, e os Anjos. Mesmo assim, não conseguiu acompanhar o surto desenvolvimentista da nossa praia, extinguindo as suas equipes, mas pelo menos a amizade e o companheirismo dos que integraram a grande família “rififisense”, continuam até os dias hoje.
O Rififi como clube esportivo veio a se extinguir no início da década de 1980, quando o terreno do seu campo de futebol foi negociado para a construção civil. Foi um dos últimos campos de pelada do bairro tragado pelo progresso do bairro.
O futebol acabou, porém o companheirismo e a amizade da grande maioria das dezenas de sócios e simpatizantes, continuaram inabaláveis razão pela qual a TURMA do Rififi, vai fazer cinqüenta anos de convivência salutar neste ano de 2008, e por certo, a comemoração será em grande estilo.
Não é sem razão, que até hoje, os viventes de tantas glórias, ainda se reúnem no feriado de Nossa Senhora da Conceição, mantendo a mesma amizade ou, o companheirismo de sempre.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Capitulo 5



CLUBE DO LIMÃO



F
undado por dois casais vizinhos, apreciadores de batida de limão (cachaça com limão), o Clube do Limão, continua até os dias de hoje, instalado aos domingos na orla da praia, com a sua tenda de plástico, em frente ao Edifício Atlântico, na esquina da Rua Padre Carapuceiro.
Ponto de encontro de muita gente inclusive de turistas que vão conhecer e saborear a famosa batida de limão, que o clube fornece de graça. Isso mesmo... de graça! Bastando somente ser simpático e ter um bom papo, que logo, é admitido como sócio da velha confraria boêmia de Boa Viagem. Lá freqüentam e freqüentaram muitas pessoas importantes e, até nos dias atuais, algumas, ainda, vão tomar uma caninha com limão.
No meio desta empreitada de escrever este livreto, fomos surpreendidos com o falecimento de Jorge de Araújo Vieira, principal fundador da entidade e o mais folclórico dos sócios. Um gozador e divertida pessoa, o guru Jorge teve história e muita estória para ser contada. Sua vida daria um livro. Quem se dispuser a contá-la, por certo, vai ter que consumir muitas horas de trabalho, pois do guru existem muitos fatos pitorescos para serem descritos.
Foi num dia festivo de 07 de setembro do ano de l969, sob um forte calor nordestino, que o famoso e já tradicional Clube do Limão, foi fundado. Nasceu por acaso, ou seja, de uma bem-querência entre dois casais de vizinhos: Jorge de Araújo Vieira (carioca) e sua mulher D. Maria Helia Maninho Vieira (maranhense), juntamente, com o casal Jean Claude Potel (francês) e D. Dolly Potel (alemã), que gostavam de gastar conversa aos domingos à beira do mar, regada de uma caçhacinha com limão (batida de limão). Como o carioca Jorge era uma pessoa exótica, com aquele bigodão de barão do café, além de faladora e simpática, ao convidar um daqueles transeuntes da praia para tomar uma batidinha de limão, mal sabia, que o mesmo era um dos donos do Engarrafamento Pitu, que ao tomar a batida feita com cachaça de cabeça fornecida pelos donos do Engenho Ubú, em Goiana (Cláudio e Clóvis Pena Pereira) sentiu o gosto da cachaça e assumiu o patrocínio semanal de oferecer a sua aguardente Pitú. Vale ressaltar que o Engenho Ubú, era um dos fornecedores do Engarrafamento Pitu, se não, nos enganamos.
Meses depois, em janeiro de 1969, o número de adeptos do clube, já era de aproximadamente sessenta pessoas, entre mulheres e homens, então,  o  Engarrafamento Pitú, resolveu doar uma grande barraca de lona e bancos de madeira e fornecer todos os ingredientes da  batida, tornando o clube  uma  atração turística da praia, onde os verdadeiros boa-viagenses faziam  questão de levar os seus convidados e visitantes para conhecer a nossa caipirinha. É óbvio que, independentemente do principal ingrediente ser a famosa batida de limão, havia outras bebidas trazidas pelos adeptos, assim como as mulheres traziam salgadinhos e faziam os caldinhos de feijão, de peixe e de camarão. Também os passantes ocasionais eram convidados pelos sócios para uma paradinha na barraca e muitos se  tornaram habituês  de carteirinha.
O sucesso era tão grande que, durante o verão, uma bandinha de música animava as manhãs domingueiras do clube e somente após ás quatorze horas as pessoas desarrumavam a barraca, na espera do outro fim de semana, para um novo encontro.
Assim, com a gratuidade da aguardente, aos poucos, os dois casais de “estrangeiros” foram reunindo outros adeptos de conversas fiadas, tais como: Elmo Carneiro; Aluízio Ferrer; os irmãos Clóvis e Cláudio Pena Pereira (empresários); Hercy Frota (comerciante); Severino Queiroz (publicitário); Imperiano Lucena; Silvio Lélis (delegado); Wiliam Paiva; Carlos Berardo; Gerson Galdino Pereira; Paulo Bandeira Júnior; Constantino Donis; Amauri Neves; Jose Frota Neto; Marcos Antonio Lucena; Pedro Jorge de Andrade; Miguel Vita; Arnaldo Lemos; Geraldo Magalhães; José Vieira; Aníbal Freitas; Pedro Chablot; Pedro de Paula Barreto; Fernando Gusmão; Moysés Kerstman; Jarbas Guimarães; Teófilo Asfora; Adelgício Cavalcanti; Benedito Mendes da Silva; Osvaldo Seeco; Aguinaldo Batista; Djalma Verçosa; Tércio Donato; Walfrido Moura Lira; Jairo Monteiro dos Santos; Gilberto Sabino (barão); Carlos Menezes; Ricardo Wanderley; José Farah; Fernando Calmon; Zezito Magalhães; Getulio Cavalcanti; Otoni Rodrigues; Fernando Viegas; Gian Carlo Tiberi; Constantino Dornis; Paulo Bandeirante Júnior; Lino Bezerra Lima (sabiá); Dalcy Furtado Lima; Gerson Galdino Pereira; Antonio José Noya; Waldemir Reis; Heli Farias; Ari Farias; Carlos Fernando Brito.
Nas décadas de 1970 / 1980, o Clube do Limão esteve no seu ápice promovendo uma série de eventos, junto com os órgãos governamentais e empresas jornalísticas e industriais, tais como: Festival de Verão; Carnaval de Boa Viagem; Festival de Inverno; Serenata ao luar. Na verdade, não fosse o pessoal da agremiação, a nossa praia não teria as opções de lazer que possui hoje. Tudo se deu pelo pioneirismo do guru Jorge de Araújo Vieira, um modesto aeroviário carioca que aqui se aposentou e fixou moradia vindo a falecer em julho de 2007. Um verdadeiro pernambucano sem titulo, porém, um gentleman  no trato  com  as pessoas. O Recife, que aleatoriamente tem concedido títulos e honrarias à verdadeiros  “bundas  moles”, que nada fizeram pela nossa cidade,  até que poderia  homenagear a quem realmente,  por  amor  assumido o defendeu como fosse seu filho natural.
O velho guru da praia de Boa Viagem se foi em 07/07/2007, para a outra constelação sagrada, por certo, está contando as suas estórias junto aos anjos do céu, deixando-nos saudosos do seu carisma e da sua amizade.
O Clube do Limão, nos domingos de carnaval, sempre fez o seu desfile ao som de uma orquestra de frevo, mantendo continuamente a sua característica de defender a nossa pernambucanidade. Anualmente, era escolhido um homenageado, sempre um grande freqüentador, ou até mesmo um colaborador direto ou indireto, e, alguns poucos, pessoas de outros Estados, que a nível citadino ou estadual, sempre atuaram em defesa de nossa cidade. Dentre tantos, foi merecidamente homenageado o Sr. José de Souza Alencar, grande cronista social e de cinema, do Jornal do Commercio, um dos grandes operários na recuperação do JC, quando o controle acionário da empresa foi adquirido pelo grupo JCPM.
O homenageado, pessoa reconhecidamente tímida, subiu num jipe que abria o desfile do clube, sob um guarda sol e muita água mineral (suas duas únicas exigências), e desfilou todo o itinerário, do Castelinho até a entrada da Rua Padre Carapuceiro, onde fica o ponto de encontro dos freqüentadores. Acontecimento inusitado este, não só para os dirigentes da agremiação, como para toda a sociedade recifense, que conhece o temperamento do jornalista, muito pouco dado a festa pública. Ninguém acreditava na possibilidade, salvo: Jorge e Jairo Santos, este o presidente do clube na época que tinham convidado o homenageado.  O desfile foi um sucesso! Aliás, como advogado que fui do Jornal do Commercio, sou sabedor que ALEX, chegou a tirar dinheiro da sua poupança, para ajudar o pagamento da folha de funcionários do JC, quando a empresa sofreu intervenção.
Além do jornalista José de Souza Alencar, foram também homenageados em outros carnavais os senhores: Miguel Vitta, Paulo Roberto Barros Monteiro, Airton Marques, Walter Alves e Viegas (da Brahma), o Engarrafamento Pitú e o compositor Getúlio Cavalcanti, este último o autor do frevo do Clube do Limão que transcrevemos abaixo:

Clube do Limão (1977)

Eu sou do Clube do Limão
Tem jeito não
Ninguém me segura não
Vivendo esta vida
Tomando batida
Garota de lado
Do corpo queimado
Do sol de verão.

Com o frevo-canção CLUBE DO LIMÃO, Getúlio Cavalcanti, conseguiu o primeiro lugar na categoria, no Concurso de Músicas Carnavalescas (1977), patrocinado pela Prefeitura do Recife, (do Livro – Getúlio Cavalcanti – O Menestrel do Frevo de Bloco, de José Ricardo Paes Barreto, Cia. Pacifica Recife, ano 2000, pág. 45).
Recentemente, em setembro de 2008, o Clube do Limão completou 40 anos, numa comemoração sem alardes, depois do falecimento do seu presidente Jairo Monteiro e do seu ex-presidente Jorge de Araújo Vieira, no ano passado.
Atualmente o clube praiano está sob a direção de Fernando Morais e José Pereira Lima.
O tempo vai passando e as coisas muitas vezes não se renovam. É o caso do clube do limão. Não houve rejuvenescimento! Os jovens de hoje tem outros afazeres, outro lugares de encontros com os amigos, outras praias. As distâncias são encurtadas pelos meios de transportes cada vez mais fáceis. Boa Viagem hoje tem tudo! A realidade temente é a de que o famoso clube deixe de existir. Talvez, estejamos aqui, registrando a sua vida já nos seus últimos dias. Mas, com toda a certeza, o Clube do Limão e todos aqueles que dele tomaram e tomam parte, fizeram e fazem também a história do nosso querido bairro. No Eclesiastes (9,11) vem dito que “todas as cousas estão a mercê do tempo e da sorte. Assim também, os encargos, as faculdades, as situações, tudo enfim”. O Clube do Limão está também inserido nesse contexto, ou seja, a mercê do tempo e da sorte.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Capitulo 6



O CRI e o CRA



CRI – “CLUBE DOS RAPAZES INOCENTES”

O
 CRI, Clube dos Rapazes Inocentes, foi fundado em dezembro de 1970 (não se sabendo a data precisa), por José Ramos de Almeida, Mário Bezerra de Carvalho (Marinheiro), Francisco de Lima, Ricardo Assunção, Francisco Queiroz, Pedro Paes Mendonça, Fernando Satani, José Lira, Fernando Cardoso Fonte Filho (Satanás, ou Mengeli), José Edelson Borges e Paulo Camelo.
Inicialmente o CRI foi fundado por pessoas que gostavam de voleibol e do cooper praticado à beira do mar, tendo construído um campo em frente ao edifício Queen Mary, na areia da praia, que até os dias de hoje as peladas são muito concorridas.
Por certo os cumprimentos cordiais do “bom dia” fizeram com que surgisse a turma do CRI, que até hoje se reúne todos os dias do ano, e mais precisamente na primavera e no verão, sendo tradicional nas sextas-feiras o manguzá e o amendoim. A turma do CRI, por pilhéria de alguns dos seus próprios componentes, e até mesmo de outras pessoas que circulam na praia, é também conhecida como Clube das Rolas Imprestáveis, título que não faz jus. Os sócios do CRI têm colaborado em todos os eventos, principalmente no carnaval recifense, já constando inclusive do calendário turístico de nossa capital, com seu desfile carnavalesco às cinco da manhã pela Avenida Boa Viagem, “Sexta-feira Gorda”, abrindo o carnaval de rua da cidade.    
Segue a relação dos fundadores e associados, que nos foi fornecida pelo colaborador Tarcísio Cordeiro de Melo, atual presidente do Clube Recreativo da Amizade, que também participa dos eventos do CRI: Emiliano, Sóstenes Ramos, Mourinha, Bosco, Valdomiro Silva, Fernando da Fonte Filho (Mengelli), Paulo Camelo, Floriano Medeiros, Mario Bezerra, José Ramos, José Teixeira, José Lineu, Gilvan Bezerra, Pedro Mendonça, Solom Morais, Walfrido Moura Lira, Paulo Santiago Cisneiros, Gabriel Moraes, Waldemir Parente, Olivar de Paula Soares, André Guthmam, Julio, Sérgio Colaferri, China, Torinho, Américo, Sheespark, Bushatsky, Samuel, Germano, Freitas, Machado, Severino Moura, João Ferreira, Celso Arantes, Elizer Pereira, Fernando José Sobrinho, Marú, José Augusto, Miguelito, Waldomiro Silva, Ubirajara, Pimentel, Pacífico, Luiz Magalhães Melo, Ivanildo Paiva, Zezito Magalhães Melo, José Pedro, Clovis Cabral, Moacir Casimiro, Neves, Paulo Veloso, Arthur Alves, Josias Brandão, Rubem Carneiro, Benedito Rodrigues, Manuel Pires, Josias Inojosa, Pedro Malta, Romeu Aguiar, Luiz Gonzaga, Mascino Barros, João Carneiro, José Augusto Filho, Paulo Xavier, José M. Silva, Severino Moura, João, Canindé, Cesário José Lira, José Cordeiro, Francisco Neto, Simon, João Bosco, Enock Cavalcanti, Antão de Lima Borges, Nelson B. Sá Barreto, Hélio Belford, Otacílio Ferreira, José Alcir Carvalho, Josué A. Silva, Alberico Rocha, Nissiu, José Cantídes, Constantino Douris, Ronaldo Passos, Horácio Lourenço, Wilson Campos, João Faustino, René José Soares, Filito Tavares, Geraldo Pimentel, Carlos Wilson Campos, Hélio de Sá Leitão, Luiz Augusto Costa, Gregório Guardião, José Colaço Dias, Hamilton Pinto, Gilvandro Coelho, Severino Menezes, Marcos G. Menezes, Franco, Julio Carlo, Taumaturgo Bonfim, Delmar Navas, Carlos Henrique Mariz, Luiz Fernandes Mello, Luiz Belém, Nabor Pereira, João Gomes da Silva, Antônio Carneiro, Aniceto Queiroz, José Siqueira, Paulo Pinto, Alberto Barbosa, Paulo Santa Cruz, Geraldo José Lemos, Hercílio Moura, Fernando José Lima, Mario Barbosa, Roberto Falcão, Geraldo Barbosa, Paulo Enéas Aguiar, Luiz Lindoso. 
O CRI é hoje a única agremiação do bairro que se mantém com um quadro social de cinqüenta pagantes, reunindo diariamente na sua quadra de voleibol, além dos seus integrantes, pessoas que transitam no calçadão que querem entretenimento e um bom bate-papo.
A partir de 1990, a turma do CRI, durante a presidência de Fernando Fonte, iniciou os maiores desfiles carnavalescos de Boa Viagem, contando com mais de três mil pessoas o que vem sendo mantido até os dias atuais já sob a batuta de Paulo Camelo e do Cel. José Edelson Borges. Mister se faz dizer que o Engarrafamento Pitú tem patrocinado os desfiles “momescos” fornecendo orquestra, carro de som, camisas e bebidas.

CRA – CLUBE RECREATIVO DA AMIZADE

Em 21/09/1999, em frente ao edifício Afonso Henriques foi fundado o Clube Recreativo da Amizade, como se fosse uma dissidência do CRI.
A abreviatura CRA, Clube Recreativo da Amizade veio servir de chacota dos “zoneiros” do CRI, que diziam que o CRA seria o Clube dos Rapazes “Alegres”, no sentido pejorativo. De início foi motivo de aborrecimentos, porém a experiência e o bom senso da idade madura prevaleceram, e, por isso, os membros do Clube Recreativo da Amizade participam do carnaval do CRI bem como do seu dia a dia nas peladas de voleibol.
Segue a lista dos atuais sócios do Clube Recreativo da Amizade: Alberto Luis Azevedo Costa, Augusto José dos Santos, Carlos Alexandrino dos Santos, Célio Almeida Sampaio, Chu Laun Chian, Edjaime Nunca Silsherie, Edson de Brito Silva, Edson Fonseca, Ediraldo José R. Wanderley, Hélio José Tavares, Humberto Barbosa, José de Souza Brandão, Judson Ribeiro Gomes, Juca Ediberto Borges, Marco Antonio Cardoso de Almeida, Maria de Fátima Sampaio, Nailson Sales Soares, Nildo da Silva Machado Pedrosa, Pascoal Monfedrini, Paulo Idelfonso Enéas da Silva, Raimundo Edson Campos e Silva, Paulo Camelo, Romário Luiz da Rocha, Silvia Moreira Marcelino e Tarcísio Cordeiro de Melo.

PARQUE DOS COQUEIROS

Razão de várias discussões, queiram ou não, o Parque dos Coqueiros foi uma iniciativa particular da família fundadora do CRA (família do Sr. Edson Campos) que muito embelezou o trecho do mar entre as ruas Bruno Veloso e Padre Carapuceiro.
Pieguice para alguns, mas, de verdade, inveja desses alguns, que não sentem o verdadeiro amor à natureza como um todo, por isso, foram retiradas as placas alusivas a pessoas e famílias que ali plantaram as árvores símbolo da nossa terras e do nosso hino.
As placas se foram, todavia permaneceu a beleza paisagística, aliás imitada numa cidade como São Paulo, no bairro do Morumby.