sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Capitulo 12



SAUDADES DOS QUE SE FORAM



A
 nostalgia nos faz lembrar de pessoas que souberam carrear boas e muitas amizades, porém, partiram muito cedo, deixando gratas lembranças. Pessoas que eram extraordinariamente alegres e simpáticas, mas que nos deixaram órfãos dos seus convívios e, até hoje tristes, principalmente, quando por algum fato, ou acontecimento, fazemos alguma ligação direta ou indireta com elas.

CARLOS AUGUSTO DE MELO RESENDE (CARLINHOS QUEIMADO)

Lembramos de CARLOS AUGUSTO DE MELO RESENDE, nosso amigo que estudava no Colégio Marista e que foi campeão sul-americano de atletismo. Um rapaz simples e de uma boa educação, um verdadeiro amigo de todos que o circundava. Carlinhos era um romântico adepto, vez por outra, do platonismo com incursões poéticas e muito querido pela jovem guarda da época.

“O VELHO GUEDES”

Febrônio de Oliveira Barros, o popular “velho GUEDES”, “PERUERÊ” ou “COMUNISTA” para a turma do Rififi. Quem não o conheceu nos idos de l970? Quem? Para a juventude de Boa Viagem era o mais brincalhão aposentado da praia e o maior torcedor do Rififi Esporte Clube. Nascido em Santana do Mato, Rio Grande do Norte, em 13/03/1910 e falecido em 16/04/1980, o velho Guedes foi casado com D. Guiomar de Oliveira Barbosa, com quem teve três filhos Wellington de Oliveira Barros (médico), Iolete de Oliveira Barros (funcionária pública) e William de Oliveira Barros (tenente-brigadeiro do Ar).
Dos três apelidos, só o de comunista é que sabíamos a origem. A turma do Rififi foi quem lhe ofertou a alcunha, uma vez que o velho Guedes, como fervoroso torcedor, gritava, agitava e perturbava quando os jogadores erravam uma jogada.
Seu Guedes onde passou deixou saudades àqueles que com ele conviveu. Em Fortaleza, capital do Ceará, foi fundador e nadador do Náutico Atlético Cearense, onde era cognominado de “Pereruê”. Seu nome e apelido estão expostos numa placa em sua homenagem em parede do salão de estar da agremiação cearense, numa prova inconteste de quem bom foi e continuou sendo até a sua morte. Exemplo de vida, de caráter, de simpatia, de dignidade e de simplicidade.
Seu Guedes foi também um dos precursores do “FRESBEE” em Boa Vigem, além de ótimo jogador de frescobol, tênis de praia, ao ponto de fazer raquetes em madeira de lei, que eram cobiçadas pela famosa juventude dourada.
Na capital do seu Estado, Natal, o velho foi cognominado de Guedes, não se sabendo a razão. Supõe a sua filha Iolete, que o prenome Febrônio talvez não soasse bem, por isso alguns dos seus amigos resolveram chamar-lhe Guedes.
Em dezembro de l980, no almoço comemorativo do Rififi Esporte Clube, realizado no BAR DO DERBY, o velho Guedes foi muito bem lembrado pelos seus súditos, em discurso que fez muita gente chorar de emoção e de saudades.      

JORGE VIEIRA - O “GURU” DE BOA VIAGEM

JORGE DE ARAUJO VIEIRA, nascido em 07 de agosto de 1929 na vila militar, no bairro dos Afonsos, cidade do Rio de Janeiro – antigo estado da Guanabara - tendo passado toda a sua adolescência em São Paulo, quando entrou para a aviação comercial, como comissário de bordo da antiga Panair. Depois passou a trabalhar na Real Aerovias e, posteriormente, em outras companhias aéreas brasileiras, ficando em atividade por mais de 20 anos, tanto em vôos nacionais como internacionais. Casou-se em São Luiz do Maranhão com Maria Hélia Maninho, natural da cidade de Barra do Corda e, logo depois vieram morar em Recife – PE. Deste casamento, que durou exatos 49 anos (quando de sua morte), tiveram 2 filhos: Armando José Vieira Neto (primogênito) e Jorge de Araujo Vieira Junior.
Ele foi um dos idealizadores do Clube do Limão, que veio a ser tornar o maior point dos domingos da zona sul, atraindo empresários, políticos, jornalistas, profissionais liberais e gente do meio social da nossa terrinha.
Jorge Vieira foi uma pessoa incomparável, um amigo de muitos amigos e grandes emoções, um homem simples de hábitos refinados, um brincalhão por natureza, um grande líder da zona sul do Recife, um homem que dizia que “os amigos não têm defeitos, os inimigos caso não tivessem, passariam a ter”.
Por mais de três décadas à frente da presidência do Clube do Limão Jorge Vieira tornou-se uma das pessoas mais conhecidas na orla de Boa Viagem, com respeito e admiração de todos que conviveram ao seu lado. Sem duvidas, ele é tido como um homem além o seu tempo, uma pessoa que conseguiu fazer de uma simples brincadeira, o clube de praia mais antigo no nordeste e o mais conhecido ponto de encontro de toda zona sul de toda Boa Viagem.

SIMONE ARAÚJO MENDES

Nascida em Pedra Azul-MG, em 24/04/1957. Veio morar em Recife em 1961, quando tinha quatro anos de idade, tendo estudado no Instituto Boa Viagem, na Rua dos Navegantes, e depois no Colégio Santa Maria até a conclusão do segundo grau. No Colégio Santa Maria lecionou português para o primeiro grau, concomitantemente estudava no curso de Letras da Universidade Católica de Pernambuco, não concluindo o referido curso, pois, ao se casar teve que ir morar em São Paulo. Para aqueles que a conhecia, Simone tinha as seguintes características mais marcantes: muito bonita, extremamente vaidosa, tinha facilidade em fazer amigos e levava as amizades muito a sério. Muito espontânea e engraçada. De pavio curto, todavia não possuía inimizades. Faleceu em 27/01/1987 (numa sexta-feira de Carnaval), deixando um filho de nome Bruno, hoje com vinte e sete anos, e formado em Administração e Marketing, morando atualmente em Belo Horizonte.
Simone era uma moça que deslumbrava todos que a cercavam. Uma mineira bonitona e elegante, com o biotipo da rainha egípcia Cleópatra e o charme de Jaqueline Kennedy. Verdadeiramente, a nossa amiga nos deixou muitas saudades. Prova disso foi a quantidade de pessoas que compareceu à sua missa de Sétimo Dia após o carnaval de 1987.

JOSÉ DORGIVAL DE CARVALHO (VAVÁ)

O amigo JOSÉ DORGIVAL DE CAVALHO, nosso Vavá, se foi tragicamente nos idos de 1988, vítima de um incêndio em seu consultório dentário. Chamado às pressas pelos vizinhos, ao arrombar a porta da sua sala, um forte estrondo com chamas, levou-o a sofrer queimaduras. Conduzido ao hospital, veio a falecer dias após o acontecido.
Vavá, assim ele era conhecido pela família e amigos. Uma pessoa muito especial para nós, de coração alegre, generoso e gostava bastante de participar das obras de Deus, ajudando as pessoas carentes. Era comunicativo e sempre buscava a realização dos seus ideais. Praticava esportes nas horas vagas como voleibol e futebol, junto com os amigos do RIFIFI, tornando nossos momentos ainda mais agradáveis.
Ficaram para nós as maravilhosas lembranças das experiências que compartilhamos com ele. Saudades de tempos inesquecíveis que não voltam mais.

EDNALDO “MACACO”

EDNALDO FERREIRA DE MORAES, engenheiro civil, membro da “Confraria do Vagão”, clube particular que se situava no final da praia de Candeias. Foi ele, juntamente com a nossa amiga Clara Blanck, à época estudante de arquitetura, os responsáveis pela reforma estrutural do clube (Clara, que hoje mora na Alemanha, nossas lembranças e reconhecimentos). O nosso amigo “macaco” (apelidado por ter muito pêlo no tórax) faleceu ao reagir a um assalto no próprio clube que ajudou a construir.

SEVERINO JOSÉ CAVALCANTI FERREIRA JÚNIOR O “JUNIOR BALA”

Severino José Cavalcanti Ferreira Junior, filho de Severino José Cavalcanti Ferreira e de Catharina Amélia Ferreira Lemes Valladão Cavalcanti Ferreira, nasceu em 28 de maio de 1958 na cidade de São Paulo, capital do estado de São Paulo, vindo logo depois a morar em Boa Viagem, Recife-PE. Tinha como irmãos José Maurício Valladão Cavalcanti Ferreira, Catharina Amélia Valladão Cavalcanti Ferreira e Ana Cristina Valladão Cavalacanti Ferreira. Estudou no Instituto Brasil e depois no Colégio Nóbrega, se formando em Direito na Faculdade de Direito de Caruaru. Não exerceu a advocacia, preferindo a carreira política, onde foi por duas vezes eleito prefeito da cidade de João Alfredo, sendo que em uma delas obteve a maior margem de votação de todas as eleições municipais naquele município. Veio a falecer em desastre rodoviário, em plena campanha política, para deputado estadual em 17/08/2002, quando saía de um comício de Pombos, agreste de Pernambuco, para outro comício em Custódia/PE. Faleceu com a sua senhora, Dona Surama Cunha Cavalcanti Ferreira e o seu motorista, deixando um casal de filhos: Thaís Cunha Cavalcanti Ferreira e Eduardo Cunha Cavalcanti Ferreira.
Antes de vir a sofrer o desastre soubemos que Junior Bala, como era chamado pelos íntimos, passou na casa do seu amigo Zé Emílio Calado para se despedir dizendo que ia fazer uma viagem e não retornaria, e, por ironia do destino, de fato ele não mais retornou ao nosso convívio.
Severino “Junior Bala” era um cara simpático com os amigos. Vivia com um sorriso estampado no rosto, como diziam: “que nem a farmácia Jaime Da Fonte, aberta 24 horas ao dia”. Quando bebia era um gozador com as pessoas que o cercavam. Certo dia, no aniversário na casa dos irmãos “Calado”, Wilson, Zé Emílio, Narlizinha e Cydia, e mais outros amigos, um deles perguntou-lhe se ele tinha arranjado alguma mulher. Junior Bala disse que conhecera uma garota linda, “gostosíssima” e rica de São Luís do Maranhão, num vôo de chegada de viagem ao Recife. Outra pessoa do grupo duvidou dessa história e, Junior Bala prometeu apresentar a tal namorada, no outro fim de semana. Cumpriu com o prometido, apresentando à Dona Narli, mãe dos “Calado”, uma garota com mini-saia, botas até o joelho, blusa decotada e falante errada. Descobriu-se logo, que se tratava de uma “puta” de Madalena. Taí: vejam como era a pessoa do nosso estimado. Júnior Bala.
Conta-se também de Junior que, ao abalroar num poste na Estrada da Imbiribeira, livrando-se de um cachorro perdido, acabou com o seu automóvel, sofrendo por sorte poucas escoriações. Perguntado por Dona Amélia, sua genitora, “porque não matou o cachorro em vez de bater no poste?”, ele respondeu: “Mãe, boêmio como eu, não pode matar outro boêmio perdido na madrugada”.
Por força desse acidente, Junior passou um mês sem freqüentar a vida noturna, principalmente a boate Inconfidente, que ficava no Hotel Vila Rica. Semanas depois, já refeito, ao chegar na boate do dito hotel, o maitre, Ivan, pediu para que tocasse a “Volta do Boêmio”, ocasião em que houveram palmas de todos os lados, numa verdadeira “apoteose boêmica”.
Esses “causos” dão-nos o retrato da pessoa boa que o era, merecendo que perpetuemos neste livro a sua memória, tal como os que aqui falamos.



EDILSON DE SOUZA RODOVALHO O “ALICATE”

Recentemente em onze de setembro do corrente ano, veio a falecer o companheiro “rififense” Edilson de Souza Rodovalho. Recebemos da família do amigo Luiz Augusto Vieira da Cunha, a elegia que se segue, a qual transcrevemos com muita satisfação:
“Hoje a terra amanheceu mais triste por saber que não mais servirá de base às tuas pegadas. Porém, o Céu este se abriu em sorrisos, colorido com as cores do arco-íris, para receber-te em festa, já que lá será a tua última morada.
Os anjos bem que tentaram levar-te mais cedo, protegendo-te do calor do meio-dia, mas... Como estavas dividido em dois mundos – um dos quais te afastaria do toque da pele daqueles que sempre te amaram – permitiste que o som do teu coração voltasse a tocar em teu peito, celebrando uma breve despedida, entoando um hino ao amor que semeaste.
Procuraste ser justo até com o dia da tua partida, dividindo-o ao meio. Dia este que representa, aos olhos do mundo, um marco na vida de milhares de pessoas que assistiram impotentes, os seus entes queridos inocentes, ser sacrificados em nome de uma causa que não era a deles. Portanto, não poderia haver uma data mais simbólica que esta, a que o Pai escolheu, para chamar-te de volta pra casa: o dia em que os povos do mundo inteiro fazem uma corrente de energia positiva, em forma de oração! Vais! A Ele só interessa o teu magnânimo espírito, que apesar da viagem, chegará perfeito, já que do teu corpo sofrido nada ficou para aperfeiçoar outra vida!
Conosco fica a saudade, com todas as marcas de fé, amor ao próximo, perseverança, retidão e alegria que deixaste em nossos caminhos.
Muita paz, muita luz nessa nova etapa que hoje se inicia. Pois cada dia mais me convence de que O FINAL NÃO EXISTE E SIM QUE TUDO É UM ETERNO RECOMEÇO.
Até de repente, Edilson!”. (Escrito por Selma e Luiz Augusto, filhos: Alexandre, Bruno, Cláudia, Rodrigo; netos: Maria Eduarda, Brenda e Nathália).
Do autor: Lamentamos que os irmãos consanguíneos de Edilson, não tenham lhe dado a atenção desejada nos últimos dias de sua vida. Não fosse a assistência pessoal de sua prima, a Dra. Ana Maria Freire Paiva, a sua morte seria mais dolorosa ainda (o discurso de uma das filhas de Edilson, no velório, chamou-nos a atenção por este fato).

LAERTE CAMPOS DE SOUZA FILHO (LERTINHO)

Laerte Campos de Souza Filho, boa-viagense nativo, nasceu em 25/09/1952. Filho do engenheiro químico Dr. Laerte Campos de Souza e D. Stella Machado de Souza, logo cedo Lertinho perdeu a sua genitora no desastre das Lojas Brasileiras 4.400 (desabamento que aconteceu na Rua Nova na década de 1950).
Lertinho, como era muito conhecido na orla, fazia parte do grupo do posto 04, ligado aos filhos do empresário Luciano Costa: Marquinhos, Marta e Elzinha Costa. A casa dos Costa (estilo moderno) serviu como cenário de filme nacional dirigido e produzido pela cineasta Aurora Duarte.
Laerte, no início da década de 1990, teve um aneurisma cerebral muito forte que o deixou com seqüelas. A sua memória do passado era muito boa, já com relação a fatos e acontecimentos recentes falhava muito.
Em maio deste ano, o nosso amigo Lerto, foi acometido de um novo derrame cerebral vindo a falecer no dia 30/05/2008. Na época que teve a sua primeira isquemia cerebral, aproximadamente 1992, ele era um empresário da indústria de calçados e tinha uma independência financeira razoável. Formou-se em engenharia civil, no entanto não exerceu a profissão.
Soubemos do seu falecimento ao tentar, recentemente, falar pelo telefone com Lerto que durante as nossas andanças pelo calçadão, nos deu informações valiosíssimas sobre as gerações dos anos 60/70 e 1980. Temos a certeza absoluta que os andantes da orla sentem a sua falta, vez que era uma figura muito conhecida e querida em nossa Boa Viagem.

Até hoje, nas missas que participamos aos domingos rezamos pelas almas desses companheiros que se foram. Que Deus os tenha ao seu lado!

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