SAUDADES DOS QUE SE FORAM
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nostalgia nos faz lembrar de pessoas que
souberam carrear boas e muitas amizades, porém, partiram muito cedo, deixando
gratas lembranças. Pessoas que eram extraordinariamente alegres e simpáticas,
mas que nos deixaram órfãos dos seus convívios e, até hoje tristes,
principalmente, quando por algum fato, ou acontecimento, fazemos alguma ligação
direta ou indireta com elas.
CARLOS AUGUSTO DE MELO RESENDE (CARLINHOS
QUEIMADO)
Lembramos de CARLOS
AUGUSTO DE MELO RESENDE, nosso amigo que estudava no Colégio Marista e que foi
campeão sul-americano de atletismo. Um rapaz simples e de uma boa educação, um
verdadeiro amigo de todos que o circundava. Carlinhos era um romântico adepto,
vez por outra, do platonismo com incursões poéticas e muito querido pela jovem
guarda da época.
“O VELHO GUEDES”
Febrônio de Oliveira
Barros, o popular “velho GUEDES”, “PERUERÊ” ou “COMUNISTA” para a turma do
Rififi. Quem não o conheceu nos idos de l970? Quem? Para a juventude de Boa
Viagem era o mais brincalhão aposentado da praia e o maior torcedor do Rififi
Esporte Clube. Nascido em Santana do Mato, Rio Grande do Norte, em 13/03/1910 e
falecido em 16/04/1980, o velho Guedes foi casado com D. Guiomar de Oliveira
Barbosa, com quem teve três filhos Wellington de Oliveira Barros (médico),
Iolete de Oliveira Barros (funcionária pública) e William de Oliveira Barros (tenente-brigadeiro
do Ar).
Dos três apelidos, só
o de comunista é que sabíamos a origem. A turma do Rififi foi quem lhe ofertou
a alcunha, uma vez que o velho Guedes, como fervoroso torcedor, gritava,
agitava e perturbava quando os jogadores erravam uma jogada.
Seu Guedes onde
passou deixou saudades àqueles que com ele conviveu. Em Fortaleza, capital do
Ceará, foi fundador e nadador do Náutico Atlético Cearense, onde era
cognominado de “Pereruê”. Seu nome e apelido estão expostos numa placa em sua
homenagem em parede do salão de estar da agremiação cearense, numa prova
inconteste de quem bom foi e continuou sendo até a sua morte. Exemplo de vida,
de caráter, de simpatia, de dignidade e de simplicidade.
Seu Guedes foi também
um dos precursores do “FRESBEE” em
Boa Vigem, além de ótimo jogador de frescobol, tênis de
praia, ao ponto de fazer raquetes em madeira de lei, que eram cobiçadas pela
famosa juventude dourada.
Na capital do seu
Estado, Natal, o velho foi cognominado de Guedes, não se sabendo a razão. Supõe
a sua filha Iolete, que o prenome Febrônio talvez não soasse bem, por isso alguns
dos seus amigos resolveram chamar-lhe Guedes.
Em dezembro de l980,
no almoço comemorativo do Rififi Esporte Clube, realizado no BAR DO DERBY, o
velho Guedes foi muito bem lembrado pelos seus súditos, em discurso que fez
muita gente chorar de emoção e de saudades.
JORGE
VIEIRA - O “GURU” DE BOA VIAGEM
JORGE DE ARAUJO VIEIRA, nascido em 07 de
agosto de 1929 na vila militar, no bairro dos Afonsos, cidade do Rio de Janeiro
– antigo estado da Guanabara - tendo passado toda a sua adolescência em São Paulo, quando entrou
para a aviação comercial, como comissário de bordo da antiga Panair. Depois
passou a trabalhar na Real Aerovias e, posteriormente, em outras companhias
aéreas brasileiras, ficando em atividade por mais de 20 anos, tanto em vôos
nacionais como internacionais. Casou-se em São Luiz do Maranhão com Maria Hélia Maninho,
natural da cidade de Barra do Corda e, logo depois vieram morar em Recife – PE.
Deste casamento, que durou exatos 49 anos (quando de sua morte), tiveram 2
filhos: Armando José Vieira Neto (primogênito) e Jorge de Araujo Vieira Junior.
Ele foi um dos
idealizadores do Clube do Limão, que veio a ser tornar o maior point dos domingos da zona sul, atraindo
empresários, políticos, jornalistas, profissionais liberais e gente do meio
social da nossa terrinha.
Jorge Vieira foi uma
pessoa incomparável, um amigo de muitos amigos e grandes emoções, um homem
simples de hábitos refinados, um brincalhão por natureza, um grande líder da
zona sul do Recife, um homem que dizia que “os
amigos não têm defeitos, os inimigos caso não tivessem, passariam a ter”.
Por mais de três
décadas à frente da presidência do Clube do Limão Jorge Vieira tornou-se uma
das pessoas mais conhecidas na orla de Boa Viagem, com respeito e admiração de
todos que conviveram ao seu lado. Sem duvidas, ele é tido como um homem além o
seu tempo, uma pessoa que conseguiu fazer de uma simples brincadeira, o clube
de praia mais antigo no nordeste e o mais conhecido ponto de encontro de toda zona
sul de toda Boa Viagem.
SIMONE ARAÚJO MENDES
Nascida em Pedra Azul-MG, em
24/04/1957. Veio morar em Recife em 1961, quando tinha quatro anos de idade,
tendo estudado no Instituto Boa Viagem, na Rua dos Navegantes, e depois no
Colégio Santa Maria até a conclusão do segundo grau. No Colégio Santa Maria
lecionou português para o primeiro grau, concomitantemente estudava no curso de
Letras da Universidade Católica de Pernambuco, não concluindo o referido curso,
pois, ao se casar teve que ir morar em São Paulo. Para
aqueles que a conhecia, Simone tinha as seguintes características mais
marcantes: muito bonita, extremamente vaidosa, tinha facilidade em fazer amigos
e levava as amizades muito a sério. Muito espontânea e engraçada. De pavio
curto, todavia não possuía inimizades. Faleceu em 27/01/1987 (numa sexta-feira
de Carnaval), deixando um filho de nome Bruno, hoje com vinte e sete anos, e
formado em Administração e Marketing, morando atualmente em Belo Horizonte.
Simone era uma moça
que deslumbrava todos que a cercavam. Uma mineira bonitona e elegante, com o
biotipo da rainha egípcia Cleópatra e o charme de Jaqueline Kennedy.
Verdadeiramente, a nossa amiga nos deixou muitas saudades. Prova disso foi a
quantidade de pessoas que compareceu à sua missa de Sétimo Dia após o carnaval
de 1987.
JOSÉ DORGIVAL DE CARVALHO (VAVÁ)
O amigo JOSÉ DORGIVAL
DE CAVALHO, nosso Vavá, se foi tragicamente nos idos de 1988, vítima de um
incêndio em seu consultório dentário. Chamado às pressas pelos vizinhos, ao
arrombar a porta da sua sala, um forte estrondo com chamas, levou-o a sofrer
queimaduras. Conduzido ao hospital, veio a falecer dias após o acontecido.
Vavá, assim ele era
conhecido pela família e amigos. Uma pessoa muito especial para nós, de coração
alegre, generoso e gostava bastante de participar das obras de Deus, ajudando
as pessoas carentes. Era comunicativo e sempre buscava a realização dos seus
ideais. Praticava esportes nas horas vagas como voleibol e futebol, junto com
os amigos do RIFIFI, tornando nossos momentos ainda mais agradáveis.
Ficaram para nós as
maravilhosas lembranças das experiências que compartilhamos com ele. Saudades
de tempos inesquecíveis que não voltam mais.
EDNALDO “MACACO”
EDNALDO FERREIRA DE
MORAES, engenheiro civil, membro da “Confraria do Vagão”, clube particular que
se situava no final da praia de Candeias. Foi ele, juntamente com a nossa amiga
Clara Blanck, à época estudante de arquitetura, os responsáveis pela reforma
estrutural do clube (Clara, que hoje mora na Alemanha, nossas lembranças e
reconhecimentos). O nosso amigo “macaco” (apelidado por ter muito pêlo no
tórax) faleceu ao reagir a um assalto no próprio clube que ajudou a construir.
SEVERINO JOSÉ
CAVALCANTI FERREIRA JÚNIOR O “JUNIOR BALA”
Severino José
Cavalcanti Ferreira Junior, filho de Severino José Cavalcanti Ferreira e de
Catharina Amélia Ferreira Lemes Valladão Cavalcanti Ferreira, nasceu em 28 de
maio de 1958 na cidade de São Paulo, capital do estado de São Paulo, vindo logo
depois a morar em Boa
Viagem, Recife-PE. Tinha como irmãos José Maurício Valladão
Cavalcanti Ferreira, Catharina Amélia Valladão Cavalcanti Ferreira e Ana
Cristina Valladão Cavalacanti Ferreira. Estudou no Instituto Brasil e depois no
Colégio Nóbrega, se formando em Direito na Faculdade de Direito de Caruaru. Não
exerceu a advocacia, preferindo a carreira política, onde foi por duas vezes
eleito prefeito da cidade de João Alfredo, sendo que em uma delas obteve a
maior margem de votação de todas as eleições municipais naquele município. Veio
a falecer em desastre rodoviário, em plena campanha política, para deputado
estadual em 17/08/2002, quando saía de um comício de Pombos, agreste de
Pernambuco, para outro comício em Custódia/PE. Faleceu com a sua senhora, Dona
Surama Cunha Cavalcanti Ferreira e o seu motorista, deixando um casal de
filhos: Thaís Cunha Cavalcanti Ferreira e Eduardo Cunha Cavalcanti Ferreira.
Antes de vir a sofrer
o desastre soubemos que Junior Bala, como era chamado pelos íntimos, passou na
casa do seu amigo Zé Emílio Calado para se despedir dizendo que ia fazer uma
viagem e não retornaria, e, por ironia do destino, de fato ele não mais retornou
ao nosso convívio.
Severino “Junior
Bala” era um cara simpático com os amigos. Vivia com um sorriso estampado no
rosto, como diziam: “que nem a farmácia Jaime Da Fonte, aberta 24 horas ao
dia”. Quando bebia era um gozador com as pessoas que o cercavam. Certo dia, no
aniversário na casa dos irmãos “Calado”, Wilson, Zé Emílio, Narlizinha e Cydia,
e mais outros amigos, um deles perguntou-lhe se ele tinha arranjado alguma
mulher. Junior Bala disse que conhecera uma garota linda, “gostosíssima” e rica
de São Luís do Maranhão, num vôo de chegada de viagem ao Recife. Outra pessoa
do grupo duvidou dessa história e, Junior Bala prometeu apresentar a tal namorada,
no outro fim de semana. Cumpriu com o prometido, apresentando à Dona Narli, mãe
dos “Calado”, uma garota com mini-saia, botas até o joelho, blusa decotada e
falante errada. Descobriu-se logo, que se tratava de uma “puta” de Madalena.
Taí: vejam como era a pessoa do nosso estimado. Júnior Bala.
Conta-se também de
Junior que, ao abalroar num poste na Estrada da Imbiribeira, livrando-se de um
cachorro perdido, acabou com o seu automóvel, sofrendo por sorte poucas
escoriações. Perguntado por Dona Amélia, sua genitora, “porque não matou o
cachorro em vez de bater no poste?”, ele respondeu: “Mãe, boêmio como eu, não
pode matar outro boêmio perdido na madrugada”.
Por força desse
acidente, Junior passou um mês sem freqüentar a vida noturna, principalmente a
boate Inconfidente, que ficava no Hotel Vila Rica. Semanas depois, já refeito,
ao chegar na boate do dito hotel, o maitre, Ivan, pediu para que tocasse a
“Volta do Boêmio”, ocasião em que houveram palmas de todos os lados, numa
verdadeira “apoteose boêmica”.
Esses “causos”
dão-nos o retrato da pessoa boa que o era, merecendo que perpetuemos neste
livro a sua memória, tal como os que aqui falamos.
EDILSON DE SOUZA RODOVALHO O “ALICATE”
Recentemente em onze
de setembro do corrente ano, veio a falecer o companheiro “rififense” Edilson
de Souza Rodovalho. Recebemos da família do amigo Luiz Augusto Vieira da Cunha,
a elegia que se segue, a qual transcrevemos com muita satisfação:
“Hoje a terra
amanheceu mais triste por saber que não mais servirá de base às tuas pegadas.
Porém, o Céu este se abriu em sorrisos, colorido com as cores do arco-íris,
para receber-te em festa, já que lá será a tua última morada.
Os anjos bem que
tentaram levar-te mais cedo, protegendo-te do calor do meio-dia, mas... Como
estavas dividido em dois mundos – um dos quais te afastaria do toque da pele
daqueles que sempre te amaram – permitiste que o som do teu coração voltasse a
tocar em teu peito, celebrando uma breve despedida, entoando um hino ao amor
que semeaste.
Procuraste ser justo
até com o dia da tua partida, dividindo-o ao meio. Dia este que representa, aos
olhos do mundo, um marco na vida de milhares de pessoas que assistiram
impotentes, os seus entes queridos inocentes, ser sacrificados em nome de uma
causa que não era a deles. Portanto, não poderia haver uma data mais simbólica
que esta, a que o Pai escolheu, para chamar-te de volta pra casa: o dia em que
os povos do mundo inteiro fazem uma corrente de energia positiva, em forma de
oração! Vais! A Ele só interessa o teu magnânimo espírito, que apesar da
viagem, chegará perfeito, já que do teu corpo sofrido nada ficou para
aperfeiçoar outra vida!
Conosco fica a
saudade, com todas as marcas de fé, amor ao próximo, perseverança, retidão e
alegria que deixaste em nossos caminhos.
Muita paz, muita luz
nessa nova etapa que hoje se inicia. Pois cada dia mais me convence de que O
FINAL NÃO EXISTE E SIM QUE TUDO É UM ETERNO RECOMEÇO.
Até de repente,
Edilson!”. (Escrito por Selma e Luiz Augusto, filhos: Alexandre, Bruno,
Cláudia, Rodrigo; netos: Maria Eduarda, Brenda e Nathália).
Do autor: Lamentamos
que os irmãos consanguíneos de Edilson, não tenham lhe dado a atenção desejada
nos últimos dias de sua vida. Não fosse a assistência pessoal de sua prima, a
Dra. Ana Maria Freire Paiva, a sua morte seria mais dolorosa ainda (o discurso
de uma das filhas de Edilson, no velório, chamou-nos a atenção por este fato).
LAERTE CAMPOS DE
SOUZA FILHO (LERTINHO)
Laerte Campos de
Souza Filho, boa-viagense nativo, nasceu em 25/09/1952. Filho do engenheiro
químico Dr. Laerte Campos de Souza e D. Stella Machado de Souza, logo cedo Lertinho
perdeu a sua genitora no desastre das Lojas Brasileiras 4.400 (desabamento que
aconteceu na Rua Nova na década de 1950).
Lertinho, como era
muito conhecido na orla, fazia parte do grupo do posto 04, ligado aos filhos do
empresário Luciano Costa: Marquinhos, Marta e Elzinha Costa. A casa dos Costa
(estilo moderno) serviu como cenário de filme nacional dirigido e produzido
pela cineasta Aurora Duarte.
Laerte, no início da
década de 1990, teve um aneurisma cerebral muito forte que o deixou com
seqüelas. A sua memória do passado era muito boa, já com relação a fatos e
acontecimentos recentes falhava muito.
Em maio deste ano, o
nosso amigo Lerto, foi acometido de um novo derrame cerebral vindo a falecer no
dia 30/05/2008. Na época que teve a sua primeira isquemia cerebral,
aproximadamente 1992, ele era um empresário da indústria de calçados e tinha
uma independência financeira razoável. Formou-se em engenharia civil, no
entanto não exerceu a profissão.
Soubemos do seu
falecimento ao tentar, recentemente, falar pelo telefone com Lerto que durante
as nossas andanças pelo calçadão, nos deu informações valiosíssimas sobre as
gerações dos anos 60/70 e 1980. Temos a certeza absoluta que os andantes da
orla sentem a sua falta, vez que era uma figura muito conhecida e querida em nossa Boa Viagem.
Até hoje, nas missas
que participamos aos domingos rezamos pelas almas desses companheiros que se
foram. Que Deus os tenha ao seu lado!
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