Casos e “Causos”:
UMA MANHÃ NO CABANGA
N
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uma manhã primaveril, fomos (eu e vários
amigos) ao Cabanga Iate Clube, do qual éramos sócios. Lá estavam, dentre o
nosso grupo, Rui Camboim de Castro Paula, Wilson Calado Júnior, e mais umas
quatro ou cinco amigas. Vez por outra fazíamos esse programa de ir para as
piscinas do Cabanga, principalmente, quando a praia estava com a maré cheia.
Enquanto Calado Júnior e Rui “Mais Uma” estavam se banhando na piscina, eu e as
meninas conversávamos sentados e ou deitados na borda da piscina, frente ao
bar, quando um alto empresário recifense, vindo ao nosso encontro, visivelmente
embriagado, me perguntou se eu era parente de Calado. Respondi-lhe que sim! O
velho intruso começou a falar amenidades, mas, de súbito, veio a me sugerir
convencer as garotas a irem para um programa num motel. Uma delas chegou até a
escutar a proposta ficando inerte diante de tamanha ousadia. P... da vida, porém
calmamente, sugeri ao velho decrépito
que, antes de tudo, ele convidasse uma “gatinha” que se encontrava na borda da
piscina infantil do clube tomando banho de sol com um minúsculo biquíni. O
velho, ao se virar, reconhecendo a apontada como uma de suas filhas, redargüiu:
“É MINHA FILHA!”, e eu, já possesso, de logo, chamei-o de “Filho da p...”. O
crápula se jogou na piscina indo ao encontro da matrona de sua mulher, uma
jamanta de gorda, que freqüentava quase todos os domingos com as suas lindas
filhas aquele parque aquático. A partir de então, aquela figura não mais me
encarou quando nos cruzávamos no calçadão da avenida.
A CELEUMA EM TORNO DO CARNAVAL
DO RECIFE
No governo biônico de
Eraldo Gueiros Leite, na década de 70, tendo em vista a proibição do
tradicional Corso Carnavalesco, uma das marcas registradas do carnaval popular
brasileiro, várias turmas de Boa Viagem resolveram “enterrar” o carnaval do
Recife. O advogado Tonho, junto com Eduardo Feitosa (hoje corretor de imóveis) adquiriram
um caixão de defunto, colocando-o em cima de um Volkswagen verde, com Eduardo
vestido de mortalha e com a máscara de terror, iluminada por lâmpada, escondida
na roupa. O “séqüito” saiu de frente da casa da família Addobbati, com três
automóveis e quatro motos, fazendo barulhos ensurdecedores com as suas buzinas.
Ao passar já no Le Bretagne e no Cote D’ Azur o número de veículos e de motos
já chegava a sessenta. Os moradores de Boa Viagem, nas janelas dos prédios,
acenavam o “adeus”, alguns até com lenços e panos brancos. Ao chegar à Avenida
Guararapes (sentido centro-subúrbio) e atravessar a Ponte Duarte Coelho, em vez
de pegar a Rua da Aurora, a caravana retirou os cavaletes que impediam entrar
na Avenida Conde da Boa Vista e seguiu até frente ao bar Mustang, que
anteriormente era o “point” carnavalesco do Recife. Minutos depois do
estacionamento dos veículos, um grupo de policiais prendeu o advogado levando-o
para a Delegacia de Santo Amaro, atrás da antiga Sael. Tentaram enquadrá-lo em
vários dispositivos: desrespeito à religião, atentado à moral e aos bons
costumes e subversão da ordem política e social. O delegado Ricardo Pontual ao
conversar com Tonhão, chegou à conclusão de que só houve desobediência civil de
trânsito, não sendo competente para enquadrá-lo em qualquer artigo penal.
A conclusão do
delegado se deu em função de que o caixão, que conduzia o “defunto” Eduardo
Feitosa não tinha nenhuma inscrição ou figura religiosa, nem tampouco houvera
atentado ao pudor, uma vez que o verso transcrito em papel cartoline, omitira a
pornografia. O verso era o seguinte:
“Adeus carnaval do
Recife,
nunca mais me verás
tu,
criei ferrugem no
dente,
teia de aranha no
...”.
A prisão do advogado
proprietário do veículo saiu em edição extraordinária na TV GLOBO NORDESTE (na
época ainda em imagem preto e branco), e, no dia seguinte, os dois jornais
pernambucanos estamparam a notícia em manchete de primeira página, sendo que um
colunista pernambucano tomou as dores do advogado, defendendo-o da brincadeira
feita.
Esse enterro simbólico
do carnaval do Recife veio ajudar e muito o carnaval de Boa Viagem, carnaval
este que em tempos depois se acabou por politicagem do governo da época há uns
sete anos aproximadamente.
Tal fato até hoje,
vez por outra, é lembrado por pessoas que encontram os seus protagonistas.
Sobre o
acontecimento, o JORNAL DA SEMANA de 3 a 9/03/1974, fez o seguinte comentário:
“Pois é, falaram tanto que o carnaval do Recife estava
morrendo que a profecia está se concretizando. Mesmo porque um irrequieto e bem
humorado cidadão desfilou pela cidade com um esquife simbolizando o evento e
acabou em cana.
Acontece que é exatamente por causa dessas coisas que o
carnaval está morrendo. Ninguém pode dar um passo além daquilo que as autoridades
acham ser certo e bom. E tome arbitrariedade. E o povo, com medo, vai para as
praias ou se tranca em
casa. Para não ser preso. E o carnaval? Pêsames nossos...”.
“OS GRITOS DE
CARNAVAIS DO CLUBE DA AERONÁUTICA E SEUS PENETRAS”
As prévias carnavalescas
do Clube dos Oficiais da Aeronáutica eram animadíssimas. As mesas e convites
eram vendidos com muita antecedência do dia do baile. Muitas vezes, não se
conseguia comprá-los devido à grande procura. Mas os mais espertos sempre
conseguiam penetrar, burlando o forte esquema de vigilância dos brutamontes
soldados da Polícia de Choque da Aeronáutica. Uma das táticas, a mais comum,
era a de se passar por músico ou batuqueiro das orquestras ou das escolas de
samba. Bastava um dinheirinho no bolso de um dos componentes, um trocar de
camisas, e, pela porta lateral, perto das piscinas, entrávamos como componentes
do grupo musical tocando pandeiro, tamborim, ou até mesmo a difícil cuíca.
Certificando-se de que tudo estava normal o falso músico, jogava por cima do
muro a camisa da escola de samba para que o verdadeiro instrumentista pudesse
entrar, sob o pretexto de ter chegado atrasado. E assim, os penetras brincavam
quase que de graça, nos famosos bailes pré-carnavalescos do Clube da
Aeronáutica do Recife.
Lembramos que, numa
dessas festas, a tradicional “Mamãe eu quero voar”, um dos irmãos gêmeos,
Rômulo ou Remo Lisboa, chegou a ser preso pelos policiais e expulso do clube
por denúncia de alguém a algum diretor. Rômulo e Remo eram dois cariocas,
filhos de um Coronel do Exército e moravam na Vila ABC que ficava entre as Ruas
Padre Carapuceiro e Bruno Veloso, cujas casas, em sua maioria, pertenciam à
matriarca D. Joana Dhália da Silveira, conhecida por todos como Dona Santinha.
Com fama de travessos por suas traquinices, os gêmeos, eram visados por grande
parte dos moradores de Boa Viagem. Não era de estranhar, vez por outra, nos dias
de missa na igreja, encontrar um deles deitado, rente á parede do templo,
curtindo um bom sono de ressaca da noite mal dormida. Ambos marcaram época pelo
comportamento buliçoso, num tempo de uma educação familiar bastante
rígida. Mas, de verdade, eram rapazes de
boa índole.
“O VELEIRO” E AS SUAS
FIGURAS EXÓTICAS.
Meados de 1960, inaugurou-se
em mossa praia uma choparia denominada “O VELEIRO”, a primeira e maior casa de
diversão do Recife na época. O VELEIRO tinha serviço de bar e restaurante na
sua lateral direita e um dancing central na parte frontal do prédio. Nos
jardins grandiosos se aglomeravam um número elevado de mesas e cadeiras, por
todos os cantos e, no centro, um palco elevado onde se exibia uma banda de
música fardada à caráter (fanfarra), que tocava todos os tipos de músicas.
Parecia uma praça antiga do velho Recife com o seu coreto, onde as bandas de músicas
de antigamente faziam as suas exibições públicas, semanal ou mensalmente. Foi a
era dos grandes festivais da MPB (música popular brasileira) e do “yê yê yê”,
promovidos pelas estações de televisão e, sem
dúvida, o período mais fértil da criação musical brasileira, quando despontaram:
Vinicius de Moraes, Antonio Carlos Jobim, Luis Bonfá, João Gilberto, Toquinho,
Baden Powell, Agostinho dos Santos, Antonio Maria, Pery Ribeiro, John
Alph, Dick Farney, Sérgio
Ricardo, Chico Buarque, Nara Leão, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Betania,
Gal Costa, Geraldo Vandré, Cartola, Elis Regina, Jair Rodrigues, Wilson
Simonal, Maestro Cipó, Nelson Cavaquinho, Clara Nunes, Benito de Paula, Sueli
Campelo, Moacir Franco, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderlei Cardoso,
Vanderléia, Vanusa, Jerry Adriani, Antonio Marcos, Rony Von; sem se esquecer
dos nossos Nelson Ferreira, Capiba, Aldemar Paiva, Claudionor Germano, Luiz
Gonzaga, Getulio Cavalcanti, Geraldo Azevedo (este último, companheiro de
serenatas em Pau Amarelo e Janga,
da “esquerda festiva,” dos anos sessenta).
Nos finais de semana,
era difícil conseguir mesas, salvo para aquele que chegasse cedo. O ambiente
era de todas as faixas etárias e passou a ser o melhor ponto de encontro da
cidade, principalmente, para os separados, solteirões, casais e jovens
enamorados ou paqueradores. Ressalte-se que, mesmo após as grandes festas em
clubes sociais do Recife, muitas pessoas ainda passavam no Veleiro para tomar
uma cervejinha ou jantar. Ali aconteceram muitos “causos”, e alguns dos
assíduos freqüentadores tinham até apelidos picantes frutos da imaginação
fértil e do espírito gozador dos boêmios. Lembramos de três irmãs solteironas
que paqueravam até bicho quando passava. Era o trio Palmolive: talco, creme
dental e sabonete.
“RATO BRANCO”
Um outro freqüentador
do Veleiro era um galego avermelhado que usava óculos com lentes grossas (fundo
de garrafa), mas de tão feio era seguidamente rejeitado pelas coroas por ele
convidadas para dançar. Numa dessas vezes chegamos a contabilizar, em menos de
dez minutos, cinco “foras” (rejeições) seguidos. O apelido do solteirão era
“Rato Branco”. Bastava passar “um rabo com saia” que o cidadão se virava para
olhar lascivamente e, sem nenhum pudor, a transeunte. Talvez, por esse comportamento
anormal é que se dava a rejeição. Esse homem, diziam, era um grande fabricante
de cachaça do interior do nosso Estado e usava trancelim, anel de bacharel em
direito (sem nunca ter estudado) e relógio de ouro de forma ostensiva, talvez
para provar o seu “status” social e obter a simpatia do mulheril.
O MALTRAPILHO
Numa dessas noitadas
no Veleiro, vários amigos do Recife e de São Paulo, chegaram mais cedo e
ocuparam várias mesas em frente a um dos portões. Dentre o grupo havia uma
conhecida do meu irmão José Carlos, vez que, frequentavam o Iate Clube do
Recife e o British Country Club. Como cheguei atrasado ao encontro, por certo,
algum comentário ameno do grupo se dirigia à minha pessoa, naturalmente, como o
anfitrião que chegara atrasado. Quando me apontei no portão da entrada, de logo
enxergando o pessoal, fui ao seu encontro. Cumprimentando todos, sentei-me
junto a uma “paquera” e, após ser apresentado à amiguinha do meu mano, qual não
foi a surpresa, a de escutar: “Você é o irmão de Zé Carlos?”. Respondi-lhe:
“Sou”, e ela continuou: “Mas, você é muito diferente dele, Zé Carlos é muito
elegante e... você...”. Redargüir-lhe: “Péra aí! Por acaso eu estou nu?”. E a
“distinta” mocinha respondeu um sonoro “NÃO”, então eu, risonhamente,
completei: “É... estou satisfeito com a sua resposta”. Risos generalizados. E
assim fiquei tentando me conter para não chamá-la de “bafo de onça”, já que a
socialité, era conhecida pelo seu mau hálito (halitose).
UM NORDESTINO NO RIO
Na vida nós passamos
por muitas surpresas boas e más. Uma delas, na minha primeira oportunidade de
conhecer o sudeste, particularmente, a cidade do Rio de Janeiro, em 1967.
Fui ao Rio de
Janeiro, na perspectiva de prorrogar o meu estágio como Oficial da reserva do
Exército, em unidade que fosse perto de uma faculdade de Direito, para concluir
o curso.
Não tive sorte! Só
havia vaga em unidades militares interioranas onde não existiam cursos de
Direito.
Pedi meu desligamento.
Resolvido o assunto, fui à praia de Ipanema, reduto tão decantado pelo
movimento musical bossa-novista, onde o mulheril sarado “flutuava” na areia
cinza carioca.
Surpresa grande!
Encontrei o nosso amigo Mario Machado passeando pela beira mar em folga que
teve do vestibular do ITA, se me parece. Foi uma festa!
Na areia ressecada
pelo sol, há poucos metros de frente da Rua Rainha Elizabeth, uma bonita e
loira coroa, sentada numa cadeirinha lia, ou fazia de conta ler, o seu jornal
predileto, entremeando a sua leitura com olhares gulosos à minha pessoa.
Incitado pelo
companheiro, dirigi-me nervosa e galantemente à linda mulher, que de logo foi
falando: “Já sei que você não é daqui!”. Respondi-lhe: “Não... não sou mesmo !
Sou do Recife”. E a coroa, rapidamente disse-me: “Você me desculpe que eu sou
casada e não posso me encontrar com você aqui, mas....”. Antes dela completar,
o arataca nordestino, tremendo que nem vara verde em temporal, cortou a
conversa da coroa, dizendo-lhe: “Não..
não...não. Desculpe-me importuná-la” e
saiu de mansinho, todo envergonhado, pensando ter levado o maior “fora” do
mundo, da madame que continuou a olhar,
gulosamente e sorrindo.
Passado o nervosismo,
o mestre Mário perguntou-me sobre o que a mulher tinha me falado. Repeti-lhe, o
que dela ouvira: “Você me desculpe, que eu sou casada e não posso falar com
você aqui, mas...”. E o amigo experiente no trato com as cariocas, disse-me:
“Tonho, que ‘cagada’ essa tua! A mulher apenas lhe falou que não podia
conversar aqui na praia, mas...”. Só aí que entendi a bobeira que dei! E o pior:
a coroa apanhou os seus apetrechos de praia, se levantou e saiu rindo da minha
“vacilada”, deixando-me mais furioso ainda!
“O TIRO QUE SAIU PELA
CULATRA” (POR SORTE!)
Outra história
quixotesca dos jogos do Rififi aconteceu no campo do Mata Sete, que ficava por
trás do hoje Restaurante Buongustaio Família Giuliano.
Foi um jogo chamado
de “clássico da várzea”. Jogo duramente disputado com torcida fanática. O time
visitante veio de Casa Amarela num caminhão, com toda a sua torcida.
Um dos torcedores do
clube de Casa Amarela começou a atiçar os seus defensores para “largar o pau”
no atacante Tonho do Rififi, que corria muito e era um dos artilheiros do time.
De tanto ouvir
impropérios ou pornografias do torcedor, Tonhão pegou a bola e a chutou contra
o fanático torcedor adversário que, se contorcendo em dores, avisou que “as
coisas não iriam ficar assim” e, logo voltou com um revólver na mão. Tonhão,
conhecido como temperamental ou de pavio curto, com um tijolo na mão e a sua
voz de trovão, gritou para o meliante “Seu porra revólver só atira na mão de
homem” e, fazendo menção que ia jogar o tijolo em cima do indivíduo, não foi
que o mesmo saiu correndo com a arma na mão e o Tonhão atrás dele gritando:
“Vou pegá-lo seu filho da puuu-.ta...”.
Por sorte, nada
aconteceu com ninguém, todavia, só agora, depois de muito tempo, concluímos o
quanto idiota fomos.
O JOGO NO PRESÍDIO
Contou-nos o amigo
Ricardo Rodovalho de Lira que o Rififi Esporte Clube foi convidado a participar
de um jogo, na antiga Casa de Detenção do Recife (atualmente a casa da cultura),
contra um time de detentos daquela casa de custódia.
A partida de futebol
de salão era uma das atrações da programação sócio-desportiva do dia do
presidiário promovida pela direção da casa.
Ocorreu que durante o
jogo Ricardo (porquinha) demorou com a bola nos pés o que fez Breno Silveira
gritar: “Ricardo, cuidaa-do com o ladrããão!”. De rompante, um espectador
presidiário gritou: “ladrão, uma pô-ô-ô-rra! Ele é assassino e assaltante!”.
O time do Rififi
ficou rindo e o “ladrão de jogada de bola” proporcionou o único gol dos
presidiários. Gréia geral. E o “gaiato” do torcedor foi retirado da
arquibancada pela guarda do presídio. O Rififi terminou o jogo vencendo de 5 x
1.
O APARTADOR DE BRIGAS
Por algumas razões
desconhecidas, Wilson Calado (Sidney Magal) se envolveu numa briga na calçada
do antigo Hotel Miramar (hoje Monte Hotel), onde existia a boate Cave. Tonhão
(Amassa Barro), primo de Calado, no auge da animação dentro da boate, foi
chamado às pressas para apartar a briga. Pior foi que o agressor de Calado
resolveu deixá-lo de lado e brigar com Tonhão, levando um bufetão no nariz,
esvaindo-se de sangue, o que transformou a camisa rosa (que o Amassa Barro
usava) em cor de vinho. O pessoal amigo quis levá-lo ao hospital, no
pressuposto de que o primo de Calado estivesse ferido, já que a sua camisa
estava toda ensangüentada.
Mero engano. Ao ver
que tudo estava normal saíram várias pessoas para comemorar o embate de “Vale-Tudo”
no Bar do Derby, com levantamento de copos de cerveja, em brinde geral. Já
tardiamente, na praia, alguns da turma de Calado encontraram o seu agressor com
esparadrapo no nariz e um braço na tipóia por ter caído abraçado com Tonhão, de
uma altura de quase um metro do batente da calçada perto da entrada do hotel.
Ivaldo Maia, com a
espirituosidade que possui, inventou de logo uma música, cuja letra é a
seguinte:
“Ouvi um grito no
meio do salão
Calado chama Tonhão,
Que está feita a
confusão!“.
Tal grito de guerra
passou a ser sinônimo de gozação todas as vezes que Calado se encontrava com o
primo Tonhão, como forma de ironizar a atitude de Calado de se meter em
confusões e sair de mansinho, deixando a briga rolar.
A DUPLA “BARRABÁS”
Ivaldo Maia Júnior e
Wilson Calado, à época eram chamados de dupla “Barrabás”. Por quê?
Conta-se que ambos
chegaram abraçados e totalmente embriagados num bar do Alto da Sé, conhecido
por Cantinho da Sé, em Olinda, e começaram a gritar: “Atenção... Atenção...
Está chegando a dupla BARRABÁS que toma cana e arrota gás, faz coisa depois de
morto, que vivo ninguém faz”.
O duo era conhecido
pelas presepadas que fazia em todos os lugares que freqüentava.
Fala-se que Ivaldo
Maia Júnior cismou de, num último dia de um ano, fazer uma visita à família de
Calado, no Edifício Portugal. “Cheio de
cana”, ele subiu a escadaria do dito prédio, com seu automóvel SP2, deixando o
carro “enganchado”. Ainda não satisfeito, foi tomar banho na fonte d’água que
existia no jardim, gritando “CALADO HOJE É O DERRADEIRO DIA DO ANO! VAMOS
BEBER!”. Dona Narli, mãe de Calado, teve que descer do prédio para acalmar o
“bicho” e mandar tirar o veículo da calçada do portão do edifício.
UMA MENINA INDISCRETA
Como já dissemos, não
fosse a ajuda dos muitos amigos boa-viagenses, alguns deles que não os via há
mais de vinte anos, não terminaria este livro.
Contou-nos Solange
Mendes Pereira, que o escrevinhador (já advogado e com 26 anos) fôra à casa de
sua avó paterna D. Nên, no Edifício Manhattan, para apanhar as irmãs Silvana,
Silvinha e Suzi Mendes para uma festa de réveillon.
Apresentado à avó e
às outras pessoas que o desconheciam, o convidado aconchegou-se no terraço
junto com as meninas, ocasião em que a irmã menor (de aproximadamente sete a
oito anos), de nome Soninha, resolveu tomar conta do pedaço ao receber
carinhosamente uma barra de chocolate. Bastou isso para que a menininha abrisse
a boca para contar as fofocas que ouvira das irmãs envolvendo o visitante. A
indiscrição da criança fez corar os rostos de todos que estavam no grupo.
Instintivamente, o
convidado perguntou: ”Soninha, vamos fazer um trato?”. E a “sapeca” respondeu:
“Vamos, tio!”, ele falou-lhe: “Vou te dar mais um chocolate, pra tu não falar
mais nada! Legal?”, Soninha respondeu: “Legal, tio!”. Riso geral. Hoje,
Soninha, por certo não deve ter perdido a simpatia e também a indiscrição de
criança. Será?
À Soninha desejamos
que Deus a proteja junto com todos os seus familiares.
O “PUM” METRALHADOR
Ainda criança, com
aproximadamente doze anos, semanalmente, durante as férias de dezembro, a turma
do Rififi ou do Posto 04, ia aos cinemas do centro da cidade. Lembramos que,
algumas vezes, o médico Jarbas Pernambucano, quando passava no ponto de ônibus
do Posto 04, com o seu automóvel, nos dava carona. Éramos cerca de quatro a
cinco pessoas
Certo dia, numa sessão
no cinema São Luiz, na Rua da Aurora, o colega Mário Janota soltou um “peido
metralhadora” e se virou para um outro companheiro perguntando: “Mas fulano, tu
não tem vergonha não?”. A vítima ficou tão “arretada” com a brincadeira que
passou vários dias sem querer falar com o Janota, só o fazendo depois de um
pedido de perdão.
Numa visita que
fizemos à família do Mário, em
São Paulo, contamos essa sua presepada, deixando-o de “calça
curta” junto com os seus.
“O SATANÁS”
Sobre o companheiro
Fernando da Fonte (membro do CRI), conta-se que um colega seu de faculdade, ao
ir buscá-lo em casa chamou por várias vezes: “Satanás, satanás, satanás!”. O
velho pai de Fernando, aborrecido, apareceu na janela e perguntou: “Você está
procurando quem?”. O colega do “Satanás” respondeu: “Tô procurando Fernando
Satanás!”. O velho Fernando (mesmo nome do filho) respondeu: “Fernando Satanás
é a puta que lhe pariu”, e fechou a janela bruscamente.
Os demais amigos de
“Satanás” que se encontravam no automóvel ficaram rindo.
“Causos” como esses
acontecem quase que frequentemente na turma do CRI, que se revelados ou
transcritos em livros por certo roteiristas de programas humorísticos iriam
“pegar carona” nas idéias.
Além de Fernando
Fonte, outro contador de histórias espirituosas é o atual presidente do CRI, Paulo
Camelo (que além de bacharel em Direito, é delegado aposentado e ator de cinema
e de teatro). Ambos são conhecidos pelas tiradas satíricas, que dão sustentação
às conversas matutinas dos velhos banhistas, alegrando-os e fazendo-os esquecer
da idade.
Perguntamos: que
seria de nós se não existissem esses caricaturistas da vida que nos fazem
sorrir?
RICO RI À TOA
Contou-nos Marco
Carvalho que quando Wilson Calado era goleiro da equipe de futebol society do
Rififi, teria agarrado uma bola que ultrapassara ou não a linha de gol. Em
dúvida se houvera gol ou não, até o juiz da partida ficou. Como Wilson ficou
dando risadas, os jogadores do time adversário falaram: “Calado tu tais rindo é
porque houve o gol”. Wilson Calado, gaiato que era, respondeu: “Estou rindo
porque rico ri à toa!”. Riso geral.