HISTÓRIA DO RIFIFI ESPORTE
CLUBE
Rififi nasceu pequeno, em lugar pequeno, e, fundado
por pequenos, ou seja, por menores ainda impúberes (menores de 14 anos), em
plena efervescência do ano de 1958, com o governo JK, a grande vitória da
seleção brasileira na Copa do Mundo de Futebol, a bossa nova que revolucionou a
música brasileira e o cinema novo, ainda em sua fase inicial.
Os irmãos Marcos e
Marcelo Pimentel da Silveira e os seus primos José Trajano Costa, Mario Cardoso
Machado Júnior, Marcelo Wolfmann Machado e Fred Dhália Wolfmann vestiram
camisetas e, nos jardins de frente da casa nº6272, hoje o majestoso Edificio
Península Ibérica, da Avenida Boa Viagem, ali jogaram as primeiras peladas. Já
no ano seguinte, reforçados com outros meninos (Paulo, Carlos e Luiz Alberto
Pinto Teixeira, Roberto Riecken, Helio Lisboa, Fernando Carlos Araújo e este
escrevinhador), formávamos uma equipe de sete pessoas que passou a jogar num
campinho em terreno cedido por comodato, pelo Sr. Ambrósio Trajano Costa, onde
se hoje se situa a Galeria Corta Jaca, esquina da Av. Conselheiro Aguiar com a
Rua Padre Carapuceiro. Ressalte-se que no segundo ano, a agremiação reforçada
pelos novos adeptos divididos em dois grupos para arrecadar dinheiro através do
livro de ouro e festas carnavalescas, adquiriu dois jogos de camisas, com
listas verticais preto e branca e calções
brancos, começando a sua trajetória vitoriosa por mais de quinze anos.
AS FESTAS DO RIFIFI
As festas
pré-carnavalescas eram realizadas em residências dos sócios, ou de amigas da
turma do Rififi, que se localizavam nas adjacências do Posto 04, hoje Posto 10,
entre a Rua Ribeiro de Brito e a Félix de Brito Melo. Denominados de “Posto 4
em Folia” ou “Rififi em Folia” tais eventos eram animados por Escolas de Samba
e Orquestras de Frevo. As meninas se encarregavam de levar salgados e doces, já
as bebidas, ficavam sob a responsabilidade dos rapazes. As casas de Martha e
Márcia Machado, Terezinha Lapenda, Maria Clara Almeida e Dr. Silveira, foram
palcos de animadas festanças, onde a paquera rolava solta e as decepções
também, muitas delas. Dos amores platônicos, tão em voga naqueles idos, vêm-nos
à lembrança: Maria Lucia Silveira; Maria Dulce Sampaio; Graça Bompastor; Clara
Almeida; Fernanda Vieira da Cunha; Marilda Simão; Ana Julieta Oliveira; Terezinha
Lapenda; Brunilde Trajano; Emilia Araújo; as irmãs Ana Maria, Ana Cristina e
Ana Lúcia Lira; Martha e Márcia Machado; Anamélia Freitas; Clarissa Daosley; Eliane
Ponzoni; Vera Lúcia Playsant; as irmãs Marta, Verônica e Virginia Dhália de
Albuquerque; Isabel Maurício; Luiza Lapenda; as irmãs Ângela e Conceição Galvão;
Dione Parente; Fátima Carvalho; Ana Maria Freire Albuquerque; as irmãs Luciane,
Graziella, Nilde, Jussara e Fátima Oliveira; Stella Maria Cavalcanti; as irmãs
Walda e Waldênia Bittencourt; as irmãs Pastich Ana Maria e Maria Alice;
Socorrinho Ávila; as irmãs Helena e Valéria Acioly; dentre outras que partiam
os corações de muitos garotos da época, deixando-os literalmente “a ver
navios”.
Eliane Ponzoni (uma
gaúcha que veio em férias para o Recife e se entrosou com a turma do Rififi),
inclusive, por sua beleza escultural, inspirou Newton Oliveira - um militar da
reserva da Aeronáutica, admirador e torcedor do RIFIFI Esporte Clube, poeta nas
horas vagas – a escrever uma poesia (publicada no ZONA SUL – JORNAL E REVISTA)
inaugurando a secção literária do dito semanário. O gingado (ou requebrado?) da
dita gaúcha, num dos “festivais de batida” que o RIFIFI promoveu em Pau Amarelo, redundou
no poema “GAÚCHA-BIRINAITE”:
“GAÚCHA-BIRINAITE”
(Por Newton Oliveira)
De repente o mundo
toma feição de
realidade
as forças dos antigos
anos
oferecem-se a opção
de rir todos os
sonhos
- Pudera! Pudera!
Lá está o velho
(se referindo ao
velho Guedes
do fresbee)
brincando com seu
coração
E o outro, o outro
sambando com a
ilusão...
E uns outros jovens
A enredarem-se bem
cedo
Nas estrepadas
alegrias!
De jovens pudentes
nas suas dores
Sugando “batidas” das
frutas
e inebriando-se de
doces
Inocências; mui
prazerosos?
Mui prazerosas,
Os gingados e as
formas
especiosas, de todas
as moças de rosa
De maiô cor de rosa
E de algumas,
Sem os rebolativos
argumentos
Envoltas ainda na
pudicícia
Dos róseos sonhos
Das menininhas da
praia
de Boa Viagem...
Pudera, Pudera!
Newton
Oliveira é pai de Jussara, Graziela, Nilte, Luciane e Fátima
ATLETAS DO REC
Muitos atletas
boa-viagenses se destacaram no Rififi, tendo sido pretendidos, para atuarem em
várias agremiações profissionais do Estado. Todavia, por serem estudantes,
somente alguns foram jogar, por mero diletantismo, em equipes de profissionais,
aspirantes e de juvenis, do América, Náutico, Santa Cruz e do Sport Clube do
Recife, tais como, Ricardo Rodovalho de Lira, Nilton Rodovalho, Marcos Jose Mota Cerqueira (Cerqueira),
Antonio Carlos C. de Araújo (Tonhão),
Abdias P. de Souza, Clélio Falcão, Diogelcy Souza (Dió), Bio das Unhas,
Abidias, Ajalmar.
Outros jogaram em
seleções de futebol de praia, clubes de 2a Divisão e nas seleções de
suas faculdades. Dentre eles: Os irmãos Breno, Marcos e Marcelo Pimentel da
Silveira; Paulo Roberto e Carlos Alberto Teixeira; Célio Souza Leão; Luiz
Augusto Vieira da Cunha; Antonio Carlos Bezerra Barros (Cacalo); os irmãos Jose
Dorgival (Vavá), Claudio e Marco Lopes de Carvalho; os irmãos João Gualberto,
Roberto, Zé Carlos e Carlinhos Mauricio; Maurício; Waldemar Travassos (Droga);
Ricardo Carvalho (Cadinho); Gilvan Noblat (Uvinha); Elcio Wolmer (PA); Marcos
Pastich; Frederico Beltrão Pereira (Risonha); Edilson Rodovalho; João Vicente
Santos (Ninha); Luiz Carlos Costa Campos (Lula); Severino Carneiro (Bio); Wilkie
L. Ramalho; Frederico Santana (Magrão); Flávio Guimarães (Doutor); João Carlos
Guimarães (Joca); Luiz Carvalho (Lulinha); Guilherme Costa (Guila); Antonio B.
Silva Filho (Mamão); Carlos J. Santos (Cachorrão); Célio e Roberto Souza Leão
Barros; Marcilio Leite Souza (Batata); José Carlos Coelho (Caju); os irmãos
Geraldo, Walter, Wilson, Carlos e Waldir Calábria; Tito Flávio Bezerra; Eurico
Araujo Noblat; Luiz Joaquim Varella de Carvalho (Lulinha); Celso Santana;
Wilson Calado Júnior.
O clube teve várias
formações excelentes, tanto no seu primeiro quadro, quanto no segundo quadro
(aspirantes), pelo que destacamos as seguintes formações:
Equipe principal: Abdias,
Geraldo ou Walter ou Joca, Breno, Waldemar, Pastich ou Elcio, Fred Risonha,
Marcos Silveira, Bio, Ninha ou Nilton Rodovalho, Nilton Rodovalho ou Luis
Carlos ou Luis Augusto, Marcos Cerqueira ou Dió ou Flifa, Ricardo Rodovalho ou Tonho, Tonho ou Luis Carlos.
Equipe reserva ou o
segundo time, era assim formada: Bio Pacarú, Wilkye ou Walter, Zé Trajano ou
Wilson ou Mimo, Doutor ou Batata, Marcelo, Lulinha, Cacalo, Robertinho ou João
Gualberto ou Uvinha, Edílson, Caquinha, Arnaldo ou Carlinhos, Luis Augusto,
Cadinho, Célio, Mamão, Manesinho, Zé Amaro, Betinho. Esse time passou dois anos
invicto (sem nenhuma derrota).
COLABORADORES DO RIFIFI
Não poderia deixar de
registrar nomes de pessoas que foram grandes benfeitores do Rififi, tais como:
Ambrósio Trajano Costa; Jose Dhália da Silveira; Mario Cardoso Machado; Carlos
Jose de Barros Araújo; Adelmar da Costa Carvalho; Jorge Dantas Bastos; os
irmãos Luciano Costa e Baby Costa. Todavia, se reconhece como o mais notável
deles o primeiro, Dr. Ambrósio, que incentivava o desporto praiano,
principalmente o voleibol, que ele gostava de praticar com os filhos Nehilde,
Enilde, Brunilde e José Trajano.
O Rififi em 1963, já
com a formação de duas equipes compostas por onze pessoas, tendo modificado as
cores da sua camisa para o azul e branco, no lugar do preto e branco, teve seu
campo relocado para o final da Rua Dhália, e, mais uma vez, ocupando um terreno
do saudoso Dr. Ambrósio, iniciou uma fase brilhante, quando formou ótimas
equipes que atemorizavam os adversários, muitos deles clubes da segunda divisão
e das cidades interioranas. Registre-se que, nas suas formações, participavam
pessoas de todas as classes sociais todas de boa índole contrastando com o nome
dado ao clube (Rififi), música-tema do filme “DU RIFIFI CHEZ LES HOMMES”, dirigido e estrelado
pelo cineasta americano Jules Dassin, que fugiu dos Estados Unidos na época da
Caça às Bruxas, para à França, e lá rodou um dos maiores clássicos
da cinematografia francesa, tornando-se ganhador do prêmio de melhor diretor do
Festval de Cannes em 1955. O filme foi baseado no livro homônimo de Auguste de
Breton, que trata de um roubo numa joalheria de Paris e cujos personagens do
submundo parisiense se digladiam para dividir o produto do crime. O filme foi
estrelado por Jean Servais, Marie Saboured, Carl Moher e Robert Manuel, com
trilha sonora de Georges Auric. À época, o grande diretor francês François
Truffaut definiu-o, assim: “O melhor Film Noir que eu assisti”.
O Rififi, garantiu
para todos nós, momentos de lazer com a prática desportiva semanal durante
todos os anos de sua existência, ao ponto de, quando não existia um jogo por
qualquer motivo extraordinário, era razão de uma frustração quase que
generalizada.
Além do futebol
formou equipes de voleibol que participou do Campeonato Farroupilha, promovido
pelo Clube Gaúcho de Pernambuco, nas categorias juvenil e adulto.
Em 1966, na Rua Dhália,
num terreno ao lado da casa do Sr. Pastich, sob a liderança do saudoso
português Raul Dória, a moçada tinha o seu ponto de encontro às tardes dos
sábados, onde se destacavam: Ana Maria; Maria Alice e Marta Pastich; Clara
Almeida; Fernanda Vieira da Cunha; Márcia Ferreira Lima; Stela Assunção; Fátima
Carvalho; Iolete de Oliveira Barros; João Gualberto; Carlinhos, Roberto e
Isabel Maurício; Nelson Rodovalho; Edilson Rodovalho; José Dorgival, Claudio,
Fátima e Marco Carvalho; Zé Trajano Costa; Marcos Pimentel da Silveira; Inaldo
da Cunha Andrade; Antonio José Ferreira Lima Neto; Franklin e Fred Campos;
Inaldo, Paulo Roberto e Virginia da Cunha Andrade; Luis Alberto da Cunha
Andrade; Godofredo de Abreu e Lima e sua esposa Dionéa.
A quadra de voleibol,
do queridíssimo portuga Raul Dória, era um “point” das tardes dos sábados para
se divertir, conhecer, interagir nas paqueras e desejos subliminares. Dali
surgiram namoricos que terminaram em casamentos.
Nos meados dos anos
da década de 1970, Boa Viagem, já não possuía os seus grandes campos de
futebol. O Rififi Esporte Clube resolveu fazer diversos torneios e campeonatos
de futebol “society” em terreno reduzido, dando-os nomes de Taça Ambrósio
Trajano Costa, Taça Wilson Calábria e Taça Rififi Esporte Clube, com a
participação de várias equipes, formadas dentre seus atletas, denominadas de
Rififi, Dhália, Fluminense, Trenzinho, e os Anjos. Mesmo assim, não conseguiu
acompanhar o surto desenvolvimentista da nossa praia, extinguindo as suas
equipes, mas pelo menos a amizade e o companheirismo dos que integraram a
grande família “rififisense”, continuam até os dias hoje.
O Rififi como clube
esportivo veio a se extinguir no início da década de 1980, quando o terreno do
seu campo de futebol foi negociado para a construção civil. Foi um dos últimos
campos de pelada do bairro tragado pelo progresso do bairro.
O futebol acabou,
porém o companheirismo e a amizade da grande maioria das dezenas de sócios e
simpatizantes, continuaram inabaláveis razão pela qual a TURMA do Rififi, vai
fazer cinqüenta anos de convivência salutar neste ano de 2008, e por certo, a
comemoração será em grande estilo.
Não é sem razão, que
até hoje, os viventes de tantas glórias, ainda se reúnem no feriado de Nossa
Senhora da Conceição, mantendo a mesma amizade ou, o companheirismo de sempre.